Fugas - Vinhos

Nelson Garrido

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O segredo do vinho português descobre-se cada vez mais na vinha

Nos últimos anos, o que aconteceu nas grandes tendências da economia mundial repetiu-se na situação da vinha e do vinho. A área global de vinha reduziu-se de oito para 7.5 milhões de hectares na última década, mas nesse recuo a Europa tem particular responsabilidade. Se em 2003 o seu peso na vinha mundial ascendia a 62.5%, hoje vale 55%. Como seria de esperar, a regressão da Europa é proporcional ao progresso da Ásia, cujos vinhedos passaram de 19.4 para 24% do total mundial. Um olhar mais atento permite depois constatar que neste surto a China teve um papel crucial. A sua vinha valia em 2003 menos de 4% da área total, mas actualmente já representa 9% - um crescimento de 127%.

Mas se a área mundial de vinha diminuiu, a produção aumentou 8%. O aparente paradoxo explica-se pela entrada no sector de áreas de vinha mais produtivas e de plantações mais voltadas para o volume. É essa mudança que explica a retracção na produção europeia, que passou de 52.9% do total mundial para 40.9%. Pelo contrário, a Ásia aumentou a sua quota de 20.3 para 29.8%. Actualmente, a China produz o dobro de Portugal (11.7 milhões de hectolitros contra 5.8 milhões de Portugal, em 2014). Mas permanece longe dos registos da França (46 milhões), da Itália (44 milhões) e da Espanha (38 milhões). Em boa parte porque uma grande parte da área de vinha chinesa está voltada para a produção de uvas frescas.

Sétimo em área de vinha e 11º na produção de vinha, Portugal ocupa uma posição intermédia entre estas duas no que diz respeito à exportação. Quem continua a mandar no negócio do vinho é a França, que em 2013 exportou um valor superior ao acumulado entre o segundo e terceiro maiores exportadores mundiais (a Itália e a Espanha), vendendo para o exterior 7.8 mil milhões de euros. Portugal exportou 720 milhões de euros, naquele que é o seu quinto ano consecutivo de crescimento. Está lado a lado com a Argentina, mas o seu desempenho está longe de comparar com o dos Estados Unidos ou da Alemanha no que diz respeito ao ritmo de crescimento das suas vendas. No top dez das exportações, um único país recuou nas exportações nos últimos anos: a Austrália. A Nova Zelândia, principalmente á custa dos seus Sauvignon Blanc, duplicou o seu volume de negócios. Um dado que serve como bom ponto de partida para a discussão sobre as castas indígenas e as suas vantagens.

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