Fugas - Vinhos

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Osvaldo Amado: Nos últimos anos temos vindo a beber vinhos fabulosos

Por José Augusto Moreira

Osvaldo Amado é um bairradino que faz vinho em todo o país. Enólogo reconhecido e premiado (foi o enólogo do ano para a Revista de Vinhos) engarrafou já à volta de 400 milhões de garrafas e tem a sua assinatura em mais de 200 rótulos diferentes. O seu próximo objectivo é fazer vinho na Madeira.

Os vinhos e as regiões portuguesas têm tido crescente reconhecimento e os críticos e especialistas internacionais parecem começar a olhar para o nosso país com particular atenção e interesse. O que é que mudou nos últimos tempos?
Nem é preciso estar muito atento para se ver que nos últimos dez/quinze anos a viticultura teve um salto qualitativo gigantesco. Foi uma mudança muito, mas mesmo muito importante.
O interessante é que antes tinha havido já um movimento de valorização da enologia e apetrechamento das adegas, com forte investimento em equipamentos muito por influência do aproveitamento de fundos comunitários. Nessa altura toda a gente se equipou e modernizou, mas esse movimento não teve correspondência na viticultura. Acabou por surgir depois e pode mesmo dizer-se que nesta mudança como que fizemos o circuito ao contrário. O que importa é que fizemos o circuito.
Neste momento já há uma grande qualidade generalizada, com enólogos e viticultores em consonância e atentos às necessidades e aos sinais dos mercados. De facto, chegamos a um ponto de convergência entre a produção de uva, o trabalho dos enólogos e aquilo que o mercado está a consumir.  

Pode então dizer-se que a máquina da produção está agora afinada?
Estamos afinados e estamos no bom caminho e basta ver que qualitativamente nos últimos cinco a sete anos, graças a esta união e convergência de esforços, temos tido vindo a beber vinhos fabulosos. E em todas aos segmentos. Dos económicos às categorias superiores temos tido vinhos fabulosos, fabulosos!

E em todas as regiões?
Sim. Massificadamente e por todo o Portugal. Cada um no seu estilo e no seu tipo de vinho, nuns casos privilegiando mais os brancos noutros os tintos ou ainda os espumantes, mas o salto qualitativo é enorme, visível e generalizado de norte a sul do país. Os Verdes são diferentes dos outros todos, os Douro e Alentejo em estilos diferentes mas também diversos, mas a qualidade é hoje generalizada. 

Mantendo a tradição dos blend (mistura de castas), acompanhando a tendência crescente para o engarrafamento e comercialização por castas?
Para mostrar a nossa riqueza, creio que teremos que continuar a fazer alguns vinhos não massificados que nos distinguem e que na verdade são os porta-bandeira da nossa identidade. Mas há castas que tanto isoladas como misturadas entre si dão vinhos originais à mesma. Quando junto dois produtos bons em consequência tenho outro produto igualmente bom. Sou, sempre fui, um defensor dos blend, mas temos que reconhecer que pegando em meia dúzia de castas também se pode mostrar o potencial do país.

E quais seriam essas castas?
Nos brancos, a casta que eu acho que é distinta e que as pessoas quando damos a provar reconhecem qualidade, é o Arinto, logo a seguido pelo Alvarinho e o Encruzado. Nos tintos há duas castas que claramente nos distinguem, que são a Touriga Nacional e a Baga. Ponto final! E se queremos enveredar por vinhos de guarda, vinhos de longevidade, punha mesmo a Baga à frente. Quando estamos a falar de vinhos com dez anos ou mais na Touriga nota-se um bom vinho, a qualidade do envelhecimento, mas as características da casta já não são tão evidentes. Com a Baga aquele estilo de aroma e pico de cor que vai imprimindo é único no mundo. A complexidade, o balsâmico, o resinoso, são características que o distinguem. Quando evolui, a Baga consegue manter estes descritores todos.

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