Fugas - Vinhos

  • Hélder Rodrigues e o sogro,
Modesto Castro, nas vinhas
em Celorico de Basto de onde
sai o Modestu’s
    Hélder Rodrigues e o sogro, Modesto Castro, nas vinhas em Celorico de Basto de onde sai o Modestu’s Fernando Veludo/Nfactos
  • Pedro Cortinhas
(Casal de Ventozela)
    Pedro Cortinhas (Casal de Ventozela) Fernando Veludo/Nfactos
  • os quatro produtores
do Vinho Verde Young
Projects
    os quatro produtores do Vinho Verde Young Projects Fernando Veludo/Nfactos
  • Diogo
Teixeira Coelho,
da Quinta da Raza
    Diogo Teixeira Coelho, da Quinta da Raza Fernando Veludo/Nfactos

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Há sangue novo a puxar pelos Vinhos Verdes

 

Mudança de geração

Exemplar é também o caso de Casal de Ventozela, uma marca que arrancou apenas há três anos para a exportação e hoje coloca no exterior mais de 70% da sua produção de 350 mil litros. O caminho foi também o da aposta na qualidade dos vinhos e, coincidência, também com intervenção decisiva do genro no desempenho comercial da empresa.

No coração do Vale do Ave, e rodeada de unidades têxteis, a vinha era uma actividade de família mantida em termos tradicionais e na dependência da actividade industrial de têxtil e vestuário, até que os três filhos de José Cortinhas, todos na casa dos 30 anos, aceitaram dar asas à paixão do pai e meter-se no negócio.

“Esta é a terceira vindima a sério. Antes, os vinhos eram vendidos a granel, à porta da quinta ou para as tascas da região”, conta Pedro Cortinhas, que agora divida as tarefas de gestão na fábrica têxtil com a presença na adega. A gestão, a parte comercial e o trabalho com os mercados de exportação cabem ao cunhado, André Miranda, que deixou a engenharia civil para se dedicar em exclusivo ao projecto de reconversão e revitalização das vinhas da família da mulher.

O trabalho começou com a replantação e alargamento da área de vinha, seguindo-se o equipamento da adega e a contratação do enólogo Fernando Moura. Nos 30 hectares de vinha, distribuídos por cinco propriedades, estão plantadas as castas típicas da região. Predomina a Loureiro, seguida pela Arinto, Vinhão, Trajadura e Espadeiro. A vinha mais recente é de Alvarinho, que foi este ano vindimada pela primeira vez.

O principal vinho é o Escolha Branco, um blend tradicional da sub-região onde predomina o Loureiro associado a Arinto e Trajadura que, além do consumo interno, é reclamado por todos os mercados de exportação. Para o Reino Unido vai sobretudo Arinto, enquanto Alemanha, Holanda e Canadá pedem maioritariamente Loureiro.

Caso muito interessante é o do varietal Espadeiro, um rosé natural decorrente das características da casta, que lidera as vendas para os EUA e é crescentemente reclamado na Alemanha e Canadá. A produção ronda os 50 mil litros mas vai crescer nas próximas vindimas, ao contrário do que se passa com o Vinhão, que é consumido apenas na região, e cada vez em menor quantidade.

Também nos Loureiro a ideia é incrementar a produção e a qualidade, com novos oito hectares de vinha no vale do Cávado, em Barcelos, onde dizem que a casta melhor se expressa.

Reconversão de vinhas

A mudança de geração e a reconversão de vinhas foi também o caminho para o sucesso na Quinta da Raza, uma propriedade com história de família há pelo menos quatro gerações e que já exporta mais de 70% da produção. Fruto disso, o crescimento tem sido uma constante e das 15 mil garrafas há menos de uma década hoje saem da moderna e equipada adega 350 mil garrafas por ano.

Foi ainda antes do virar do século que Pedro Teixeira Coelho, então com menos de 20 anos, assumiu a tarefa de tomar conta dos vinhedos da família, sucedendo ao avô Inácio, que foi um agrónomo reconhecido em toda a região de Basto. A grande mudança é, no entanto, mais recente e é Mafalda, mulher de Pedro, que conta como tudo começou: “A primeira vez que tentámos a exportação foi em 2006. Fomos à Prowein [feira/mostra de vinhos na Alemanha] e não vendemos nada. As pessoas provavam e gostavam, mas achavam que os vinhos eram todos caros. Percebemos que precisávamos de um vinho de entrada, que fizesse o efeito de arrastamento.”

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