Fugas - Vinhos

  • Hélder Rodrigues e o sogro,
Modesto Castro, nas vinhas
em Celorico de Basto de onde
sai o Modestu’s
    Hélder Rodrigues e o sogro, Modesto Castro, nas vinhas em Celorico de Basto de onde sai o Modestu’s Fernando Veludo/Nfactos
  • Pedro Cortinhas
(Casal de Ventozela)
    Pedro Cortinhas (Casal de Ventozela) Fernando Veludo/Nfactos
  • os quatro produtores
do Vinho Verde Young
Projects
    os quatro produtores do Vinho Verde Young Projects Fernando Veludo/Nfactos
  • Diogo
Teixeira Coelho,
da Quinta da Raza
    Diogo Teixeira Coelho, da Quinta da Raza Fernando Veludo/Nfactos

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Há sangue novo a puxar pelos Vinhos Verdes

Foi assim que nasceu o Raza, um vinho assumidamente leve e fresco que junta Arinto, Azal e Trajadura, que representa hoje mais de um terço do engarrafamento total e esgota nos mercados de exportação. Atrás dele, o Arinto e o Azal estão já também em 17 países, com predominância para Alemanha, Reino Unido e EUA. “Este ano chegámos ao Japão”, conta ainda Mafalda, que, com o crescimento das exportações, teve que abandonar a docência de Gestão no ensino superior para se dedicar em exclusivo ao negócio do vinho.

Depois da visita à Quinta da Raza de importadores japoneses, promovida pela Comissão dos Vinhos Verdes, levaram os vinhos a Tóquio, onde estes foram apreciados, principalmente o Padeiro. Esta é uma casta nativa de Basto que estava em vias de extinção e tem vindo a ser recuperada com base na Quinta da Raza, num projecto incentivado pelos técnicos da Direcção Regional de Agricultura que teve início em 1998.

A casta, precisamente denominada por Padeiro de Basto, dá vinhos rosados que associam à frescura e forte expressão aromática algum corpo e volume de boca. Vem sendo muito apreciada, principalmente nos EUA, e começa a espalhar-se pela região. Mais de 90% das 20 mil garrafas da Quinta da Raza são para exportação, o que faz com que o vinho esteja esgotado muito antes de ser engarrafado.

Em termos de encepamento, nos 40 hectares da propriedade predominam o Azal e Arinto, seguindo-se o Alvarinho, Trajadura, Vinhão, Padeiro e Avesso. Pedro Teixeira Coelho diz que “primeiro foi necessário avançar com a reestruturação e reconversão para arrumar a vinha por castas” e que agora é tempo de avançar com algumas experiências inovadoras. Há já na adega uma experiência com madeira na casta Avesso, mas o grande projecto passa por uma nova vinha a meia encosta com as cepas mais bem adaptadas à região para criar vinhos com capacidade de envelhecimento, designadamente o Vinhão.

E bastará visitar a Quinta da Raza, no planalto de Celorico, e ver o enquadramento com as serranias do Marão, Alvão e Cabreira, para logo se constatar que nem todos os Vinhos Verdes são de influência atlântica. Há uma grande riqueza e diversidade de castas, mas também territórios e condições diferenciadas capazes de proporcionar os tais “vinhos espectaculares” a que se referia o embaixador do EUA.

O mercado internacional já o reconhece. E mesmo internamente, apesar da falta de notoriedade e um certo alheamento da crítica, o consumo de Verdes está em segundo lugar, atrás do Alentejo, mas lidera com larga vantagem no capítulo dos brancos.

Há sangue novo que puxa pela região, mas há, sobretudo, um trabalho de reconversão de métodos e mentalidades, a par da forte promoção externa, que tem vindo a ser eficazmente desenvolvido pela CVRVV, liderada por Manuel Pinheiro. E o sucesso é tal que a região não tem praticamente stock de vinhos e tem já dificuldade em responder às solicitações do mercado. Para resolver a escassez há já quem pense em reconverter campos de milho dos produtores de leite, cujo mercado está em recessão, para aumentar a produção. Perspectiva-se, assim, a substituição do leite pelo Vinho Verde.

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