Fugas - Vinhos

  • Ricardo Filipe, produtor dos
vinhos Humus (Óbidos), é o
rosto principal do movimento.
Não como prosélito militante,
mas por ser aquele que mais
vinho natural faz. Em 2015
fez cerca de 20 mil garrafas
    Ricardo Filipe, produtor dos vinhos Humus (Óbidos), é o rosto principal do movimento. Não como prosélito militante, mas por ser aquele que mais vinho natural faz. Em 2015 fez cerca de 20 mil garrafas Pedro Granadeiro/NFactos
  • Pedro Granadeiro/NFactos
  • Os vinhos de
Fernando
Paiva, com a
marca Quinta
da Palmirinha,
merecem ser
descobertos.
Em Portugal, só
são conhecidos
no circuito
alternativo
    Os vinhos de Fernando Paiva, com a marca Quinta da Palmirinha, merecem ser descobertos. Em Portugal, só são conhecidos no circuito alternativo Pedro Granadeiro/NFactos
  • Pedro Granadeiro/NFactos

Continuação: página 5 de 5

Os vinhos naturais estão aí e não são uma moda passageira


Tudo isto dá muito trabalho e requer bastantes conhecimentos. Fernando Paiva faz regularmente macerações de plantas e já chegou a fazer os principais preparados. Mas, como diz, prefere comprá-los “a quem os sabe fazer mesmo bem”. E o seu principal fornecedor é Pierre Masson, o homem que lhe deu a conhecer a agricultura bodinâmica.
Desde então, já teve outros formadores, como Daniel Noel, Daniel Pasquet (que o aconselhou tecnicamente durante dez anos), Jacques Fourés e Nicolas Joly, um dos mais famosos produtores biodinâmicos de França. Depois ter trabalhado em Finanças no Reino Unido e nos Estados Unidos, Joly regressou em 1977 para tomar conta da propriedade da família no vale do Loire e começar a fazer alguns dos melhores vinhos desta região.
Fernando Paiva ainda não chegou tão longe, mas os seus vinhos, com a marca Quinta da Palmirinha, merecem ser descobertos. Em Portugal, só são conhecidos no circuito alternativo. O grosso das cerca de 15 mil garrafas que produz é vendido no Reino Unido, Alemanha, Espanha, Noruega, França, Estados Unidos e Canadá

A sua premissa é a de que os vinhos “são feitos pela natureza”, pelo que se limita a ser um mero intermediário na transformação das uvas, sem desengace e leveduras industrias e indo até mais longe do que impõe o caderno de normas da viticultura biodinâmica. De acordo com a entidade certificadora, a empresa alemã Demeter, os vinhos biodinâmicos podem levar até 120 mg/l de sulfuroso. Mas Fernando Paiva usa muito menos e no tinto da casta Vinhão que fez na última vindima não usou mesmo nada. Ainda no inox, é um vinho cheio de fruta vermelha, fresquíssimo e nada adstringente.


A mesma pureza e franqueza é também notória nos brancos (todos sem barrica), em especial no Quinta da Palmirinha Loureiro. O 2015 está muito delicado e fino, revelando uma precisão aromática e uma frescura deliciosas. Tem apenas 11,5% de álcool, mas parece mais gordo e a acidez não magoa, como acontece com tantos vinhos verdes. O Loureiro/Azal 2015 é ainda mais seivoso, por ter mais acidez e menos álcool (11%). Muito interessante está também o Azal/Arinto 2015, um branco de textura gorda, com alguma sensação tânica até e grande frescura. Por sete euros, o preço estimado a que chegam ao mercado, são vinhos imperdíveis.

--%>