E se hoje aparecem alguns destes cocktails com outros tipos de vinho do Porto, é claramente o vinho do Porto branco o mais utilizado, sobretudo os Dry White, Porto branco seco. Para lá dos seus aromas e da estrutura e intensidade que lhes permite aguentar a mistura de água tónica (ou outra bebida, ou outros ingredientes) sem perder as suas características, uma outra vantagem deste vinho é a possibilidade de dar origem a cocktails com índices de álcool menos elevados do que os das bebidas destiladas - o Porto só tem entre 18% e 21% de teor alcoólico, enquanto o Gin ou o Vodka superam os 40%, para lá de ser um produto natural.
O seu sucesso tem sido tão grande que já há muitos bares a preparar sangrias apenas com vinho do Porto, um tipo de cocktail gigante para grupos de clientes mais numerosos. Mesmo em muitos restaurantes há já o hábito de propor aos clientes um cocktail de vinho do Porto como aperitivo, mantendo-se no entanto também a hipótese dum cálice de Porto branco seco, servido bem fresco, que fica muito bem a acompanhar uma entrada, ou uns petiscos que antecedem a refeição.
Com todo este potencial, não há limites para a imaginação. Cada bar, cada pessoa pode inventar as suas próprias maneiras de servir vinho do Porto – por exemplo, no Adega Mariazinha, um restaurante clássico do Porto, servia-se há mais de 20 anos o Tripeirinha, que não era mais do que uma que uma caipirinha feita com vinho do Porto branco. Para que o leitor se possa inspirar, convidámos alguns dos barmen a sugerir as suas próprias interpretações de cocktails nos quais o Porto Branco é o principal solista.
O Perfect Portonic de Pedro Ferreira
Pedro Ferreira formou-se na Escola de Hotelaria de Coimbra e dedicou-se à área dos vinhos. É actualmente escanção do restaurante Pedro Lemos, no Porto, com uma estrela do guia Michelin. Habituado a preparar diferentes tipos de bebidas, deu-nos a conhecer este seu Perfect Portonic. Para começar, o copo (alto) deve estar bem gelado. A preparação começa com a aromatização do copo com zeste de laranja; medir 4,5 cl de Niepoort Dry White e colocar três gotas de bitter de laranja; depois, acrescenta-se o gelo e adiciona-se 12.5 cl de água tónica (Pedro Ferreira sugere Schweppes); como decoração, colocar um gomo de laranja. Um Porto Tónico moderno, elegante, fresco e enigmático.
O Rosemary e o Passion de Paulo Ramos
Paulo Ramos é um conhecido barman de Lisboa, responsável pela Cocktail Academy. É colaborador da casa Porto Cruz, uma das maiores empresas do sector do vinho do Porto, onde assina uma carta de cocktails com vinho do Porto, de onde retirou dois deles que nos apresenta. O Rosemary, que leva 6 cl de Porto Dalva Dry White, três fatias de gengibre fresco, um ramo de rosmaninho, gelo e água tónica. O gengibre e o rosmaninho são levemente macerados, para libertar sabor. Depois, acrescentam-se algumas pedras de gelo e alonga-se com água tónica. Muito fresco, com o Dalva a ligar muito bem com o rosmaninho e com o gengibre a dar-lhe um toque de acidez. O Passion, leva 6 cl de Porto Cruz Blanc, 6 cl de polpa de maracujá, algumas pedras de gelo, e pedaços de maracujá fresco. Decora-se com folhas de manjericão. A acidez do maracujá liga muito bem com o Porto branco, conferindo-lhe frescura e notas tropicais.