Fugas - Fugas Com Astérix

  • © 2013 LES ÉDITIONS ALBERT RENÉ/GOSCINNY - UDERZO/ASTÉRIX NOS JOGOS OLÍMPICOS
  • © 2013 LES ÉDITIONS ALBERT RENÉ/GOSCINNY - UDERZO/ASTÉRIX NOS JOGOS OLÍMPICOS
  • © 2013 LES ÉDITIONS ALBERT RENÉ/GOSCINNY - UDERZO/ASTÉRIX NOS JOGOS OLÍMPICOS
  • © 2013 LES ÉDITIONS ALBERT RENÉ/GOSCINNY - UDERZO/ASTÉRIX NOS JOGOS OLÍMPICOS

Nos Jogos da Antiguidade também havia doping

Por Marco Vaza

Astérix quis ser romano por uns dias para participar nos Jogos Olímpicos, um dos símbolos da Grécia antiga que um aristocrata francês recuperou para os tempos modernos.

Como todos os álbuns, Astérix nos Jogos Olímpicos começa com uma panorâmica geral da aldeia gaulesa, o enclave de resistência ao domínio romano. Como sempre, há uma discussão entre os gauleses, mas só depois de Decanonix, o ancião, ter notado uma celebração no campo de Aquarium enquanto estava a apanhar cogumelos. Mas o que se passa no campo romano (desde que haja sempre romanos suficientes para eles se divertirem, os gauleses deixam-nos em paz) deixa de interessar, perante a bem mais importante discussão sobre a melhor forma de cozinhar cogumelos, sopa, omeleta, salada... Panoramix, o druida, tem a última palavra. Salteados, é como sabem melhor.

Mas este não é um álbum sobre cogumelos. A 12.ª aventura de Astérix, em pleno auge criativo da dupla Goscinny e Uderzo, transporta os gauleses para fora da aldeia e para dentro de um dos símbolos da Antiguidade clássica, os Jogos Olímpicos. Mas, tal como em todos os álbuns de Astérix (com maior ou menor subtileza; menor quando passou a ser apenas Uderzo a fazer os álbuns), a aventura está cheia de anacronismos, referências ao presente e estereótipos. Há muita coisa fora do lugar, mas é isso que se espera. Se fosse o contrário, era um livro de História.

Em Astérix nos Jogos Olímpicos, vimos Atenas pelos olhos dos gauleses. O Pártenon não é apenas um templo, mas também uma atracção turística, onde se vendem ânforas personalizadas. Na Atenas do século XXI, os vendedores de souvenirs proliferam em todo o lado. Vendem tudo, reproduções baratas de estátuas de bronze, em miniatura e em tamanho natural (e não necessariamente de bronze), garrafas de ouzo nos mais variados formatos - uma garrafa em forma de coluna grega é particularmente popular -, reproduções das imagens dos templos feitas à mão (ou talvez não), tudo artigos genuínos e típicos da Grécia. As lojas desouvenirs em Atenas são como as ruínas, estão em todo o lado.

Atenas é mais ou menos assim. Guias que têm um primo que arranja o alojamento mais barato, ou o transporte mais rápido, ou o bilhete difícil de arranjar para um determinado evento. Ou um primo que tem um restaurante bom e barato com vista para a Acrópole. Que irá servir, sem dúvida, legumes recheados, grelhadas mistas, saladas de queijo feta, entre outras coisas. Acompanhado, claro, de "vinho resinoso", o retsina, um vinho grego aromatizado com resina, que, na Antiguidade, era usada como conservante. Nada disto agrada aos turistas gauleses, pouco dados a novos sabores, que preferem cerveja e javali - trouxeram uns quantos da Gália, indispensáveis para a dieta equilibrada da comitiva romano-gaulesa.

O mesmo guia também irá recomendar um bar, que, coincidência, também é do seu primo - o Invinoveritas. Há muitos assim em Atenas, onde se ouvem os sons do mais internacional dos compositores gregos, Mikis Theodorakis, e se dançará à moda de Zorba, tal como Anthony Quinn ensinou a Alan Bates e que o mundo viu nos minutos finais do filme Zorba, o Grego. Foi esta a música que se ouviu antes de cada uma das finais dos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004, desde o estádio olímpico com a dispendiosa cobertura feita por Santiago Calatrava até às provas de hipismo em Markopoulo.

--%>