Damos um salto ao Museu do Brinquedo (que se mudou para aqui há um ano) para ver os perto de 12 mil brinquedos coleccionados ao longo do tempo por José Manuel Borges Pereira, dos mais antigos carrinhos da Dinky Toys até aos super-heróis dos anos 1990 e a uma colecção de Barbies, passando por um exército nazi feito pouco depois da II Guerra Mundial (as suásticas tiveram que ser pintadas nos Estados Unidos, porque na Europa não era permitido).
E terminamos sentados no pátio interior do Armazém, na esplanada de A Malga, a ouvir Carlos Diogo Pereira, dos History Tellers, grupo ligado à Associação Académica da Universidade da Madeira, contar-nos como foi aqui, na zona onde nos encontramos, que nasceu a cidade do Funchal no início do século XV, por entre navegadores, freiras, piratas, muito açúcar e alguns escândalos.
Voltar a tempo de jantar
Mas temos que seguir viagem. Não demoraremos dias, como acontecia nos primórdios do turismo. Temos o teleférico que nos leva por cima do Funchal até ao Monte, a 550 metros de altitude. De repente o céu põe-se escuro e aquilo que inicialmente parece uma chuvinha fraca transforma-se numa chuva mais convicta — tão convicta que decidimos não seguir o programa inicial que nos levaria ao Pico do Areeiro, a 1800 metros de altitude.
Abrigamo-nos por momentos debaixo do telheiro da velha estação do Caminho de Ferro do Monte, que entre 1893 e 1943 unia o Funchal até ao sítio do Monte por um comboio de cremalheira a vapor. Em 1912, esta linha, muito popular entre os turistas (e que veio substituir o transporte em redes) foi alargada até ao Terreiro da Luta. Uma placa ao lado da estação explica que esta era “ponto de paragem obrigatório de quase todos os visitantes do Funchal no início do século XX e o passeio favorito dos habitantes da cidade.” Também aqui Reid tinha um hotel, o Mount Park.
No clima mais fresco do Monte fugia-se ao calor do Verão no Funchal em simpáticas quintas de lazer. Hoje estamos em época de turismo activo e de natureza e a Madeira está cada vez mais a promover inúmeras actividades, do trail ao canyoning, passando pelo parapente ou o safari de jeep. Nós optamos por um menos radical passeio pelas levadas e este até relativamente curto (cerca de três quilómetros) que nos leva de Ribeiro Frio até Balcões e a uma vista deslumbrante sobre as montanhas das quais os farrapos de nuvens começam já a despegar-se.
Voltamos ao século XIX para tentar imaginar como seria então atravessar toda a ilha, do Funchal a Santana, no Norte — exactamente o caminho que agora percorremos de carro. A viagem era longa, com inevitáveis paragens pelo meio. Contam-nos que a tradição das espetadas da Madeira pode ter origem nestes passeios, em que se comia a carne de vaca nos espetos do loureiro (na altura havia muito mais vacas na Madeira, assim como produção de leite e queijo, embora hoje mereça destaque o requeijão feito no Santo da Serra).
Entretidos com estas conversas chegamos a Santana, à Quinta do Furão, onde somos recebidos com um vinho da Madeira com gelo e um almoço com o famoso peixe-espada com banana e maracujá acompanhado por um folhado de espinafres e queijo de cabra. Estamos na costa Norte e em princípio o clima é um pouco mais fresco, mas hoje é exactamente o contrário: o Funchal está mais cinzento e aqui o sol brilha. A Quinta do Furão tem vinha, um hotel desde 1997 e um restaurante desde 1993, perto do local onde décadas antes William Reid teve também um dos seus hotéis.
- Nome
- Reid's Palace Hotel
- Local
- Funchal, Sé, Estrada Monumental, 139
- Telefone
- 291717171
- Website
- http://www.reidspalace.com