Fugas - hotéis

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O hostel é Independente, o restaurante é Decadente

Esta "alma" cosmopolita sente-se logo à entrada, com uma recepção que resume e abre para todos os sinais que ecoam pelo edifício. Com influências notórias de hotéis clássicos de viajantes, o The Independente recebe-nos numa elegância acutilante. Hóspedes e visitantes das mais variadas proveniências e lisboetas admiram as paredes vermelhas, os tectos trabalhados, as cadeiras e cadeirões vintage, as malas de viagem decorativas, até a cirúrgica sinalética. O design chegou a todos os recantos e a decoração é de uma coerência global feita de tantos itens que não há espaço que chegue para enumerar detalhes. Escadaria acima, os aposentos low cost e premium. No rés-do-chão, os espaços destinados a todos, hóspedes e residentes na cidade. Objectivo: contrariar "aquele cenário de um sítio só para turistas", diz Duarte. Lá está: trata-se de "conciliar": "Um lisboeta pode mostrar a sua cidade, dar uma opinião, melhor que qualquer guia. Esta conciliação das pessoas também dá confiança a quem está a visitar".

A isto, acrescenta, junta-se a aposta na "profissionalização global" e na equipa. Bom exemplo: os funcionários foram enviados a conhecer 37 museus (destes, só não sugerem cinco, mas não dizem quais...) para poderem melhor aconselhar a clientela.

Dar ao dente no Decadente

Um longo e sólido bar feito de OSB (um aglomerado de madeira reciclado e 100% reciclável, o mesmo usado para as camas) dá-nos as boas-vindas ao lounge, que se prolonga por um corredor protegido até ao restaurante - e há ainda uma esplanada a usar nos dias mais acolhedores. Entre manequins, velhos móveis restaurados, cadeirões e candeeiros centenários, mapas e sinais de Portugal e do mundo ou relógios tamanho parede, propõem-se cocktails ou vinhos, com direito a concertos e outros eventos ao longo da semana. Incluindo um "mercado dos livros", onde não se vende nada: trocam-se uns livros por outros ou mesmo (uma vez por mês) por copos de vinho. São livros, também eles, viajantes, janelas para o mundo: um imponente painel, um puzzle único de velhas madeiras e portadas, serve de base de apoio às estantes de livros. 

É na grande sala que se segue, pontuada por uma restaurada mesa de carpinteiro - que serve de apoio e onde descansam uma balança ou fruteiras -, a provar um apurado arroz malandrinho de peixe e camarão (uma das estrelas da ementa, baptizado de Portugal no Prato), que se conclui: o restaurante do hostel, o The Decadente, ainda é tão novinho e já tem mesmo muita gente "a dar ao dente". Se todos os restantes espaços são mais internacionais, eis o espaço com que o hostel, em muito pouco tempo, conseguiu atrair (caso raro na hostelaria) uma clientela bem portuguesa. "Tem estado sempre cheio desde que abrimos", garante Nuno Bandeira de Lima, jovem chef que, aos 29 anos, conta já com uma década de experiência com passagem em casas de referência (no CV: VirGula, Lapa Palace, Esperança, Carlton Palace, Altis Belém). Aqui, aposta "numa cozinha portuguesa moderna", "uma cozinha simples e prática", sazonal, que "surpreenda", com pratos "confeccionados de um modo correcto e sem grandes voltas", a um "preço justo e acessível", "que não engana o cliente". E, sublinha, "em que o prato, quando chega à mesa, o cliente consiga distinguir cada ingrediente". "É portuguesa com um twist", resume o sous-chef Thomas Manchini. As provas são dadas com cremes de legumes ou saladas especiais que contrastam ingredientes e sabores (como a da casa, Independente), secretos com migas de farinheira e grelos, "um grande bife que é um ''winner'" ou no bacalhau confitado com mel e amêndoas. As propostas vão mudando mas, como resume Manchini, será sempre uma cozinha "que dá a cara a Portugal", "com os nossos produtos".

Nome
The Independente Hostel & Suites
Local
Lisboa, Encarnação, Rua de São Pedro de Alcântara, n.º 81
Telefone
213461381
Website
http://www.theindependente.pt
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