É dia de luz branca em Lisboa e ela entra toda pela janela. Traz reflexos de jardim, da Baixa e do Castelo, adivinha-se o rio. Um luxo. Os olhos sobem pelo imenso pé-alto do quarto, de cores, materiais e design limpos e apurados, com um grande sofá frente à janela a convidar a prosseguir a preguiça. Um cenário que poderia estar a ser vivido em qualquer hotel cinco estrelas do centro da capital, nao fosse a minha cama ter três andares - é um tripliche, com três camas empoleiradas, no meu quarto caberem 12 hóspedes e cada um não ter que pagar mais do que o preço promocional de 12,99€ para dormir aqui.
É a versão low cost do novíssimo hostel The Independente. Mas há outras versões: a mais cara fica uns andares acima, com a cobertura a albergar suites premium, com direito a terraço privado e amplas vistas, aqui já em redor dos cem euros; no rés-do-chão, um restaurante criativo e cool, o The Decadente, de custo médio (um jantar ficará pelos 17 ou 18 euros). Tudo envolto num projecto de design e decoração pensado ao detalhe - e assinado pela arquitecta Catarina Cabral -, incluindo uma miríade de peças vintage e influências art déco.
"É uma conciliação", resumir-nos-á Duarte d' Eça Leal, um dos irmãos que compõem o grupo que gere este projecto familiar, "uma conciliação" de nichos, de hóspedes, de orçamentos e, também, de visitantes e lisboetas, convidados a partilharem o bar e restaurante com os viajantes. Até porque todo o espaço vive sob os motes, precisamente, da relação entre viajantes e residentes, da sustentabilidade e, "sobretudo", de Portugal e dos produtos portugueses (o que vai das camas e suas roupas aos materiais e mobiliário, da cozinha ao bar - "até temos um poejito, uma variação do mojito só que com licor de poejo", exemplifica Duarte).
De viajante para viajante
O The Independente nasceu em Setembro, no palácio Schindler, frente ao jardim de São Pedro de Alcântara, edifício de inícios do séc. XX, planeado para residência do embaixador suíço e que, entretanto, até teve outras vidas mais públicas (foi casa da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS - também conhecida por ter albergado o bar Politika da Juventude Socialista que, políticas à parte, animou muita noite do BA - e mais recentemente até sede da candidatura de António Costa à presidência da autarquia lisboeta). Com o edifício "a voltar ao mercado", explica Leal, surgiu a oportunidade de a família avançar na hotelaria, após uma experiência inicial com a Casa da Pinheira (ou, na curiosa versão internacional, The House of the She-Pine-Tree), uma guest house no Sabugo, Sintra.
E o que não falta é ambiente familiar nestes projecto: além de Duarte, compõem o grupo mais dois irmãos, Bernardo e Martim, e ainda Afonso, apenas mano deste último. E há uma figura tutelar com pergaminhos, o arquitecto Tomaz d'Eça Leal, o pai dos três primeiros irmãos, com quatro décadas de experiência a desenvolver projectos turísticos. Já se vê que casas e turismo correm no sangue desta família - aliás, os próprios irmãos já estiveram ligados a profissões próximas deste negócio. Além de partilharem também o gosto por viajar - "Juntando toda a nossa experiência de backpacking diria que temos uns três anos de mochila às costas, da Ásia às Américas e Europa", conta Duarte, que já trabalhou numa grande imobiliária, durante mais de uma década, em Londres. "Temos todos uma grande paixão pelas viagens, por isso não nos identificamos com um determinado segmento de hotelaria", sublinha Duarte, salientando a busca de uma "alma" para o espaço.
- Nome
- The Independente Hostel & Suites
- Local
- Lisboa, Encarnação, Rua de São Pedro de Alcântara, n.º 81
- Telefone
- 213461381
- Website
- http://www.theindependente.pt