Por exemplo, nós ficamos no quarto 20, virado ao rio, e isso é quase como dizer que dormimos no quilómetro 20 desse percurso: a fotógrafa Inês D´Orey recebeu a incumbência de fotografar todos os quilómetros e as imagens estão em cada um dos quartos. Aqui abriu-se uma excepção, acabaram por não ser 41 mas sim 42 com a particularidade - a numerologia, mais uma vez - de não existir o número 13 (entre eles, quatro suites, Ribeira - das Fontainhas, uma das frentes do hotel, mas também alusão à portuense, "conhecida internacionalmente" - Douro, Paiva e Arda, para traçar uma geografia rápida da zona). Em compensação existe o zero e, já se percebeu, uma subversão total das convenções hoteleiras, com a adopção da numeração contínua ao invés dos três dígitos com o primeiro a indicar o piso.
As obras de arte
São quatro os pisos deste hotel, onde a calma se entranha mal saímos do carro. Temos o rio à frente, em redor eucaliptais trepam os montes, há casas que aí espreitam e aglomerados maiores ao longo do rio. Em manhãs de sol descarado, tudo isto se replica na água; nós apanhámos uma manhã de linhas de névoa a esbaterem contornos, a seguir a uma noite onde as linhas de sombra eram interrompidas por luzes amarelas, aqui e além, com as suas réplicas impressionistas a tremeluzirem na água.
O edifício da recepção é de xisto integral, coroado de lousa e irrepreensivelmente moderno: fecha-se a porta e ficam no exterior os barulhos que, por ser aqui, talvez, quase soam a música, uma serra ao longe, um carro de quando em vez, os pássaros constantes e, por vezes, as malas a rodarem pelo empedrado. Da esplanada do bar que, em piso menos 1 relativamente à recepção, é quase de apoio à marina, levantam-se convivas para um passeio, e momentos depois um dos barcos do hotel sai da marina - há dois barcos de passeios, um semi-rígido para esqui aquático, motas de água e um barco que servirá para a pesca, quando esse programa for implantado (guardadas estão ainda as canoas e as gaivotas).
Estamos na parte "antiga" do hotel e tal é sinalizado pelo tecto de madeira pintada de branco e pelas janelas mais estreitas (rasgadas de cima a baixo) em homenagem à arquitectura tradicional. Neste local erguia-se um dos dois edifícios da quinta que aqui existia antes e da qual se herdaram lagares e mós, hoje em exibição no caminho junto ao restaurante - "era importante não descontextualizar". Essa pode ser encarada como uma vertente da preocupação de enquadramento em termos ambientais que nunca largou os responsáveis. Por exemplo, a cobertura vegetal dos socalcos ajuda a diminuir as variações de temperatura no hotel, logo leva a uma poupança energética; e o mobiliário é uma espécie de reciclagem.
As peças são, em grande maioria, originais e representativas dos vários movimentos de design do século XX, e vêm, sobretudo, do Norte e do Centro da Europa. "Cada peça foi escolhida minuciosamente para cada espaço", conta Cláudia Rebelo. Os sofás de pele do bar, por exemplo: alguns foram novamente estofados, outros ainda mostram as marcas do tempo, polidas, claro; as mesas têm mais do que uma função - a mesa de bilhar que vemos mais tarde é uma antiga mesa de competição inglesa. "Reciclamos as peças e demos-lhes vida neste espaço", considera Cláudia, sublinhando que algumas delas estão em museus.
- Nome
- Hotel Eurostars Rio Douro
- Local
- Castelo de Paiva, Raiva, EN 222 km 41 - Castelo de Paiva
- Telefone
- 255690160
- Website
- http://www.hoteleurostarsriodouro.com