Fugas - hotéis

Sara Matos

Um pedacinho do melhor do Sudoeste, longe das multidões

Por Ana Fernandes ,

Será exagero falar-se em luxo? Não, o luxo é assim mesmo — é estar num recanto fantástico do país, com maravilhosas praias a um pulinho, um rio aos pés, nada à volta a não ser natureza e comodidades de cinco estrelas. Chama-se Monte do Zambujeiro e é tudo isto e muito mais.

Durante anos, o embate foi duro. As posições extremaram-se, uns acusaram outros de fundamentalismo, uma palavra demasiado forte para o que estava em jogo — a força dos promotores do turismo de massas versus a crescente adesão da opinião pública aos argumentos dos defensores da preservação de uma das mais belas costas da Europa. Talvez ambos pensem que perderam. Não é totalmente verdade. Há vitórias e derrotas nos dois lados mas deste radicalismo conseguiu-se, em muitos locais do sudoeste alentejano, um agradável meio-termo. O turismo existe, é de qualidade e não destrutivo. Eis o caso do Monte do Zambujeiro.

Já foi uma herdade de 500 hectares, que ocupava toda a margem sul do Mira antes deste se sumir no Atlântico. Colheu o seu nome nas velhas oliveiras, os zambujeiros, que bordejam o rio. 

Hoje, fragmentada entre os herdeiros, deu origem a dois projectos perfeitamente opostos: um turismo rural, de baixa densidade, onde o bom gosto impera e que aproveita e maximiza toda a tranquilidade deste isolado recanto do rio enquanto, mesmo ao lado e em terras que já pertenceram à mesma família, pesa a ameaça: o projecto Vila Formosa, um mega-empreendimento turístico que promete carregar de gente e betão uma zona ainda virgem, mesmo às portas de Milfontes. 

As críticas, as dúvidas de quem licencia e as adversidades da economia têm atrasado a concretização deste projecto. Enquanto não toma forma, subsiste este tranquilo Monte do Zambujeiro, que se estende por 70 hectares, onde as casas da avó, do caseiro, da nora ou mesmo o curral, deram origem a quartos, quase todos equipados com kitchenette, serenos e acolhedores mas com todas as comodidades exigidas pela qualidade. 

“Começámos por recuperar a casa branca e do caseiro para passarmos férias”, conta Mónica McGil, a responsável do Monte do Zambujeiro. Esta bióloga trabalhava no Moinho da Asneira, um dos primeiros turismos rurais da região, do outro lado do Mira. Rapidamente percebeu o potencial do que tinha em mãos, largou o emprego e em 2008 abriu as primeiras cinco casas: dois T2 e três T1, que dão directamente para a piscina e para uma esmagadora vista sobre o rio.

Seguiu-se a casa do rio, em 2011, aproveitando uma estrutura que outrora acolheu os animais da herdade. É um dos projectos mais conseguidos do espaço — uma suite imensa, onde se optou pelo vidro em vez dos tijolos na parede que dá para o rio, permitindo o desfrute da paisagem e deixando que o Mira entre, rodopie e volte a sair do quarto. Com varanda, churrasco e kitchenette, é a casa mais isolada e a que permite maior sossego. 

No ano seguinte, foram feitas as suites T1, num edifício mais afastado do complexo central, com uma cozinha comum mas que só poderá ser usada se todo um grupo ou família ocupar a casa. 

O Monte do Zambujeiro oferece refeições a pedido, desde o lanchinho para levar para a praia até ao jantar. É o que fazem as centenas de estrangeiros que calcorreiam a rota vicentina — um projecto que se transformou num notável sucesso — e que levam uma refeição leve para o almoço, não perdendo à noite uma bela pratada da culinária alentejana.

Nome
Monte do Zambujeiro
Local
Odemira, São Salvador, Herdade do Zambujeiro
Telefone
283386143
Website
http://www.montedozambujeiro.com/
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