Fugas - hotéis

Os sonhos vão de comboio

Por Luís J. Santos (texto), Joana Bourgard (vídeo), Pedro Cunha (fotos) ,

Depois do Rossio, Lisboa ganhou novo hostel-em-estação-de-comboios. Desta vez, no Cais do Sodré. Fomos dormir no Beach Destination Hostel, unidade hoteleira económica que tem como cereja no bolo um terraço e uma “horta” sobre a estação. Tudo com vistas privilegiadas para o rio. 

Andamos à volta da meia-noite no Cais do Sodré. Agitamos levemente o mojito, enriquecido com umas folhas de hortelã acabadas de colher nas mesas-horta a dois passos. Estamos sentados ao pequeno balcão de bar, mesmo ao lado de um grupo de jovens que, em várias línguas, fazem lembrar embaixadores juniores das Nações Unidas, mas que aqui só cantam e tentam adivinhar canções. Com os olhos no Tejo, levanta-se do chão um decorativo campo de girassóis, erguem-se mesas em que se cultivam vegetais variados, ali mais à frente o luar incide numa "praia" - uma plataforma com colmos prontos para a sombra e umas escadas que deveriam levar a uma piscina, mas que ainda é só um espaço vazio com futuro.

Todo um cenário que nada teria de incomum, não fosse tudo isto se passar no topo da estação de comboios do Cais do Sodré e praticamente por cima do quarto onde vamos passar a noite. Senhores passageiros, acabamos de embarcar no recente (e segundo) hostel ferroviário de Lisboa, o Beach Destination Hostel.

Localizado no piso superior da octogenária estação, o hostel traz um ar de juventude ao edifício, adaptando-se a ele, decorando-o de alto a baixo com itens viajantes e viajados, e aproveitando espaços que ficaram fora de uso. "Os quartos são antigos gabinetes, não alterámos nada da estrutura, até mantivemos as portas ou os números destas", explica-nos João Teixeira, da Observar o Futuro, a empresa que já tinha conquistado espaço na estação do Rossio para um hostel, que gere outro em Alfama e que tem mais alguns na manga, incluindo um na estação portuense São Bento.

Este é o mais estival dos hostels urbanos, ou não tivesse Beach (praia) como nome próprio: "O Cais do Sodré era precisamente uma das praias da cidade. Perdeu-se mas, entre a estação de comboios e a de barcos, aqui continua a ser uma saída para as praias", lembra Teixeira. Outra mais-valia: deve ser das unidades hoteleiras com mais alternativas de transporte à porta - a centímetros, há comboio, metro, barcos, paragem de táxis, eléctrico e autocarros (incluindo o Aerobus).

Caminhamos pelo longo corredor que percorre quase toda uma lateral da estação - e que até cruza, por cima, o belíssimo e ornamentado antigo átrio principal em esplendor Art Déco. Os quartos, cerca de meia centena, sucedem-se, entre dormitórios (para quatro ou seis pessoas e onde se pode dormir por menos de 20 euros por noite) e privados (duplos ou para uso individual, com ou sem casa de banho, entre cerca de 40€ a 60€ por noite). Os dormitórios destacam-se logo pelos seus originais beliches, de design decorativo único: cada um parece uma reinterpretação das célebres casas-gruta da Capadócia turca. "Tal e qual!", confirma João Teixeira, que, sublinhe-se, sendo arquitecto de profissão, aplica as suas artes em cada hostel que toca.

Já o nosso alojamento, noblesse oblige, é privado e com WC incluído. Nada que surpreenda, já que hoje em dia os hostels passaram a unir várias opções de alojamento, conforme as carteiras. Actualmente, "o backpacker não é o típico jovem sem dinheiro, há os que podem pagar e querem um quarto privado", explica-nos Dangolia Rosickaite, directora financeira dos hostels Destination.

Nome
Beach Destination Hostel
Local
Lisboa, São Paulo, Estação de comboios do Cais do Sodré
Telefone
917775524
Website
http://www.facebook.com/BeachDestinationHostel
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