Fugas - hotéis

  • DR
  • DR
  • DR
  • DR
  • DR
  • DR
  • DR
  • DR
  • DR
  • DR

Continuação: página 2 de 4

O luxo também mora na serra

Apesar da crise, Jorge Lima tem dificuldades em encontrar trabalhadores dedicados. Alguns arriscam-se nesta vida, mas a dureza da tarefa acaba por desanimá-los. Muitos desistem apesar do salário certo, muito acima do mínimo definido no país.

Sonhos no Alfrocheiro

Deixemos as ovelhas e voltemos ao hotel, onde depois da visita nos aguardam para um manjar sofisticado da responsabilidade do chef Valdir Lubave. No restaurante do Madre de Água privilegiam-se os sabores da região, com destaque para as carnes e enchidos da serra e para o genuíno queijo da Estrela. Não pense, contudo, encontrar uma cozinha tradicional. Aqui os sabores da serra misturam-se com a cozinha de autor.

Comemos muito bem e dormimos melhor. O conforto é, aliás, palavra de ordem no hotel rural. O edifício, com dez quartos (incluindo duas suites), foi construído de raiz. Apenas se aproveitou uma pequena casa de pedra, transformada hoje na sala de estar e na sala de reuniões da unidade. A decoração é sóbria, requintada e muito acolhedora. O bom gosto impera. O projecto, de linhas simples, é da responsabilidade do escritório de Cascais Palmer Grego Arquitectos. No hotel, em forma de L, sobressai a utiliza? ?ão de madeiras e o cuidado com a luz, que inunda o espaço através de grandes janelas e paredes de vidro. "Quisemos que os nossos quartos - na decoração, mobiliário e enquadramento geral - oferecessem serenidade e uma atmosfera intimista", lê-se na brochura de apresentação do hotel. Somos a prova que o objectivo foi atingido.

Calhou-nos o Alfrocheiro, uma das castas de vinhos que dão nome aos quartos. Nos dormitórios, como aliás em todo o hotel, há uma preocupação com os detalhes. Exemplo disso é o poema de Virgílio Ferreira Que há para lá do sonhar?, escolhido para o pequeno desdobrável que serve para guardar o cartão do quarto. O escritor, lê-se, nasceu a 28 de Janeiro de 1916 em Melo, uma aldeia vizinha, que faz também parte do concelho de Gouveia.

Mas não é caso único. A qualidade dos colchões impressionou-nos, o que nos levou a reter a sua marca. Em todos os quartos há confortáveis roupões e chinelos à disposição de cada visitante. Os dez aposentos dispõem todos de uma varanda com vista sobre a piscina, um luxo com pouca utilidade nesta altura do ano, mas que permite compensar os excessos do calor no Verão.

Agora que já dormimos impõe-se novamente uma passagem pelo restaurante para o pequeno-almoço. A oferta na primeira refeição do dia não é abundante, mas é cuidada. São seleccionados produtos de excelência, como o fantástico requeijão, com a marca da quinta, que se pode acompanhar com uma das deliciosas compotas de Lurdes, a proprietária. A fruta é variada e o ananás, por exemplo, é cortado às fatias finas. Há ainda sumos, iogurtes, flocos, pães diversos, croissants e um bolo caseiro de noz.

O tempo chuvoso não convida ao passeio, mas fazemos questão de desbravar os mais de 60 hectares da quinta. Na véspera tínhamos conhecido as ovelhas e as cabras, mas há mais. Jorge Lima volta a provar ser um óptimo anfitrião. Apresenta-nos Leonor, Matilde e Inês, as três éguas lusitanas que animam as cavalariças. Perto há um canil para animais abandonados que a proprietária mandou construir e todos os dias os mais de trinta cães passeiam-se por uma mata vedada com mais de dois hectares. Nesta quinta os hóspedes não são os únicos a merecer tratamento de luxo. Os pássaros das redondezas também não se podem queixar: ao longo da propriedade foram montadas mais de 30 boxes em madeira onde todos os dias se deposita comida.

Nome
Hotel Rural Madre de Água
Local
Gouveia, Vinhó, Quinta Madre de Água, Vinhó
Telefone
238490500
Website
http://madredeaguahotelrural.pt
--%>