Apesar da crise, Jorge Lima tem dificuldades em encontrar trabalhadores dedicados. Alguns arriscam-se nesta vida, mas a dureza da tarefa acaba por desanimá-los. Muitos desistem apesar do salário certo, muito acima do mínimo definido no país.
Sonhos no Alfrocheiro
Deixemos as ovelhas e voltemos ao hotel, onde depois da visita nos aguardam para um manjar sofisticado da responsabilidade do chef Valdir Lubave. No restaurante do Madre de Água privilegiam-se os sabores da região, com destaque para as carnes e enchidos da serra e para o genuíno queijo da Estrela. Não pense, contudo, encontrar uma cozinha tradicional. Aqui os sabores da serra misturam-se com a cozinha de autor.
Comemos muito bem e dormimos melhor. O conforto é, aliás, palavra de ordem no hotel rural. O edifício, com dez quartos (incluindo duas suites), foi construído de raiz. Apenas se aproveitou uma pequena casa de pedra, transformada hoje na sala de estar e na sala de reuniões da unidade. A decoração é sóbria, requintada e muito acolhedora. O bom gosto impera. O projecto, de linhas simples, é da responsabilidade do escritório de Cascais Palmer Grego Arquitectos. No hotel, em forma de L, sobressai a utiliza? ?ão de madeiras e o cuidado com a luz, que inunda o espaço através de grandes janelas e paredes de vidro. "Quisemos que os nossos quartos - na decoração, mobiliário e enquadramento geral - oferecessem serenidade e uma atmosfera intimista", lê-se na brochura de apresentação do hotel. Somos a prova que o objectivo foi atingido.
Calhou-nos o Alfrocheiro, uma das castas de vinhos que dão nome aos quartos. Nos dormitórios, como aliás em todo o hotel, há uma preocupação com os detalhes. Exemplo disso é o poema de Virgílio Ferreira Que há para lá do sonhar?, escolhido para o pequeno desdobrável que serve para guardar o cartão do quarto. O escritor, lê-se, nasceu a 28 de Janeiro de 1916 em Melo, uma aldeia vizinha, que faz também parte do concelho de Gouveia.
Mas não é caso único. A qualidade dos colchões impressionou-nos, o que nos levou a reter a sua marca. Em todos os quartos há confortáveis roupões e chinelos à disposição de cada visitante. Os dez aposentos dispõem todos de uma varanda com vista sobre a piscina, um luxo com pouca utilidade nesta altura do ano, mas que permite compensar os excessos do calor no Verão.
Agora que já dormimos impõe-se novamente uma passagem pelo restaurante para o pequeno-almoço. A oferta na primeira refeição do dia não é abundante, mas é cuidada. São seleccionados produtos de excelência, como o fantástico requeijão, com a marca da quinta, que se pode acompanhar com uma das deliciosas compotas de Lurdes, a proprietária. A fruta é variada e o ananás, por exemplo, é cortado às fatias finas. Há ainda sumos, iogurtes, flocos, pães diversos, croissants e um bolo caseiro de noz.
O tempo chuvoso não convida ao passeio, mas fazemos questão de desbravar os mais de 60 hectares da quinta. Na véspera tínhamos conhecido as ovelhas e as cabras, mas há mais. Jorge Lima volta a provar ser um óptimo anfitrião. Apresenta-nos Leonor, Matilde e Inês, as três éguas lusitanas que animam as cavalariças. Perto há um canil para animais abandonados que a proprietária mandou construir e todos os dias os mais de trinta cães passeiam-se por uma mata vedada com mais de dois hectares. Nesta quinta os hóspedes não são os únicos a merecer tratamento de luxo. Os pássaros das redondezas também não se podem queixar: ao longo da propriedade foram montadas mais de 30 boxes em madeira onde todos os dias se deposita comida.
- Nome
- Hotel Rural Madre de Água
- Local
- Gouveia, Vinhó, Quinta Madre de Água, Vinhó
- Telefone
- 238490500
- Website
- http://madredeaguahotelrural.pt