Fugas - hotéis

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A proximidade é quem mais ordena

Por Sandra Silva Costa ,

A história é como tantas outras: duas irmãs decidiram dar nova vida à anterior morada dos avós maternos. Agora Caldas da Felgueira conta com um espaço de turismo rural que é um repositório de memórias de família e uma porta aberta para mergulhar na vida das gentes da aldeia.

Tobias, “o vigilante da aldeia”, como lhe chama Catarina, espreita pela porta entreaberta e, indiferente às ordens para que se deixe estar do lado de fora, entra na sala. Numa mesa baixa rodeada de sofás desirmanados há um piquenique improvisado e, convenhamos, se para nós é difícil resistir, como será para um cão de faro apurado? Tobias aproxima-se, então, mas comporta-se à altura: dá meia volta e vai deitar-se à porta, como lhe tinham pedido há pouco.

Há-de ter a sua recompensa, mas por enquanto está de guarda, como se estivesse alerta para nos avisar quando poderemos sair. Chegámos às Casas do Pátio, na aldeia de Caldas da Felgueira, concelho de Nelas, numa tarde de Verão travestida de Outono — caiu toda a chuva que havia no céu e o piquenique que nos tinham reservado para as margens do Mondego, num cantinho bucólico até dizer chega que conheceremos depois, teve que ser transferido para a sala da recepção, repositório de memórias de família das irmãs Minhoto, Catarina e Lídia.

Eis-nos, portanto, à volta da mesa e às voltas com nacos deliciosos de queijo da serra, fatias de presunto, pedaços de pão regional — e figos do quintal da mãe de Ana, cunhada de Catarina Minhoto, que aqui chegou de jipe com a intenção de nos levar ao Mondego e, depois, num passeio pelas vinhas que vão dando corpo ao delicioso tinto Quinta dos Três Maninhos, da Palwines. Mas essa é história de outro rosário — para já continuamos em redor da mesa, a ouvir as irmãs contarem como chegaram até aqui.

A história é como tantas outras: estas Casas do Pátio, três blocos de pedra onde se acomodam quatro casas de turismo em espaço rural, eram morada dos avós maternos de Catarina e Lídia, que também aqui passaram parte da infância. Em 2008, a ideia de reconversão para receber hóspedes foi ganhando forma, mas os apoios no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (Proder) chegaram apenas em 2011. E foi preciso esperar até Junho de 2014 para as Casas do Pátio estrearem a sua nova vida.

As quatro casas (acomodam entre dois e quatro hóspedes) receberam o nome dos quatro elementos da natureza: Terra, Fogo, Ar e Água, que entre si partilham um pátio que há-de ser bem agradável em dias de chuva ausente. Pela parte que nos toca, esta noite vamos dormir com o Fogo. Abrimos a porta e já estamos com um pé na sala com cozinha acoplada: paredes, mesa e cadeiras brancas, sofá bege com almofadas bordeaux, TV de ecrã plano, uma lareira à espera de dias mais frios.

Umas escadas de madeira conduzem ao primeiro andar, onde há dois quartos (um com duas camas, outro com cama de casal) e uma casa de banho entre eles. Quem vier à procura de muito espaço, talvez fique desiludido. A área mais desafogada é a de baixo — os quartos têm a cama, uma mesa-de-cabeceira, um armário embutido. Ponto. A casa de banho, com cabine de duche, idem. Pequenina. Não é defeito, é feitio, há-de explicar Catarina: “Não quisemos estar a fazer muitas alterações ao que havia. As casas eram o que eram, não inventámos muito.”

Foi, de facto, uma opção: não mexer demasiado no que já estava feito. Uma das casas, por exemplo, tem um pátio privado para onde dão duas janelas da casa da frente. “As construções antigamente eram assim, nós quisemos manter essa ideia”, explica Lídia. E Catarina acrescenta: “Aqui, o conforto é, às vezes, de outra ordem: de proximidade com a aldeia, com as suas gentes, com a natureza à volta.”

Nome
Casas do Pátio
Local
Nelas, Canas de Senhorim, Travessa do Comércio - Caldas da Felgueira
Telefone
966540330
Website
http://www.casasdopatio.pt/
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