Era o berço da família. A família estava ali há séculos. O avô foi o último a dedicar-se por inteiro à Quinta das Pedras, na freguesia de Longos, lado rural de Guimarães. Os netos ainda o recordam como um homem “austero, duro, agarrado”, que “fazia uma gestão próxima, apertada”.
O pai, engenheiro, nunca se ligou muito àquele lugar. “Andava muito por fora”, diz Fernando Cardoso. A passagem fez-se do avô para um dos quatro irmãos: Manuel, nutricionista de formação, professor de profissão, que, como os outros, deixou de morar ali, teve filhos fora dali, mas manteve-se sempre por perto e foi “mantendo o património da família debaixo de olho”.
Quando fizeram as partilhas, Fernando, o filho arquitecto, que que há muito dava aulas de educação visual em Braga, pensou em mudar de vida. “Foi recuperar a quinta para turismo que me entusiasmou e me fez regressar às origens. Estava tudo a cair. Deixo cair? Faço qualquer coisa? O que faço?”
Ditou a sorte que Fernando e Manuel ficassem ligados. A Manuel coube o núcleo principal, onde ele e os irmãos nasceram e cresceram. E a Fernando coube o que estava mesmo ao lado, as cortes dos animais e a casa do caseiro, que ainda ali morava com a mulher, apesar da muita idade.
Pensaram em desenvolver projectos de agro-turismo que não se confundissem. Manuel apoiar-se-ia na ideia de quinta do Baixo Minho com as suas valências tradicionais, como o alambique e o moinho. E Fernando no conceito de música popular, já que tanto aprecia o cavaquinho e a concertina.
Só o projecto de Fernando recebeu apoios comunitários, por isso, apenas ele avançou de imediato para a transformação do lugar. O irmão iniciou o trabalho de restauro depois, sem pressão, com vagar, primeiro um bocado para ele e a mulher, depois um bocado para o filho e, por fim, outro para a filha.
Há a Quinta das Pedras de Cima, reservada à família, e a Quinta das Pedras de Baixo, aberta ao agroturismo.
Não está tudo como Fernando idealizou. “O cavaquinho é daqui, de Braga, de Guimarães, de Vila Verde”, explica, mostrando vários exemplares que ali tem. “Cheguei a ter um em cada quarto, mas os hóspedes perguntavam-me o que era aquilo. Aquilo estava lá para eles ficarem curiosos, para eles tocarem, mas acabei por tirá-los porque vi que achavam estranho.” Mantém-nos na sala-de-estar na zona de betão.
Não, não se limitou a recuperar a casa do caseiro e as cortes dos animais. Queria usar a área habitacional, o piso por cima das antigas lojas, para viver. E o resto para fazer a recepção, uma zona de refeições-jogos-biblioteca e três quartos. “Tinha de potenciar o alojamento e a única maneira era acrescentar”, diz. Construiu um edifício novo, no alinhamento do antigo, desviado apenas uns metros.
Não quis que se confundisse o edifício antigo com o novo. “Estão em ruptura, mas dialogam um com o outro”, salienta. “O betão [a vista] tem a ver com a pedra [usada nas paredes do velho edifício]. E a ferragem tem a ver com madeira [que se manteve nas caixilharias].” São outros três quartos, com uma cozinha e uma sala de estar-jantar, que podem ser alugados no conjunto.
- Nome
- Quinta das Pedras de Baixo
- Local
- Guimarães, Longos, Rua de Santa Marta, 3262
- Telefone
- 919375011
- Website
- http://www.pedrasdebaixo.pt/