Há um azul imenso que nos acolhe assim que chegamos à recepção do Vintage House Hotel e que é um dos primeiros sinais que este não é o mesmo hotel de há alguns anos. Ou melhor, é o mesmo, mas melhorado, um espaço antigo-novo pronto para o que vier e a prometer mais, porque os donos da The Fladgate Partnership, que em Outubro compraram a unidade hoteleira, já têm planos para a sua ampliação. Mas, para já, tal como está, já é muito bom.
E é muito bom lá dentro e melhor ainda no exterior, ou vice-versa, não sabemos bem. O único inconveniente é que é um pouco labiríntico — sentimos sempre que não vamos conseguir encontrar o caminho para o restaurante ou o bar. Mas o caso tem uma solução fácil: em vez de procurar encontrar o corredor que vai dar às escadas que procura, vá pelo exterior. Os caminhos exteriores do hotel não têm que enganar — vão sempre dar ao jardim, com a piscina, a esplanada voltada para o rio e a porta do restaurante mesmo ali ao lado.
Queremos ficar lá fora. É um final de tarde de um belo dia de sol, daqueles dias de calor do Douro que tanto têm faltado noutras zonas do país (como o Porto, de onde saíramos de manhã, com a cidade envolta num frio nevoeiro). O rio está cheio mas tranquilo, de um verde que se mistura com o das folhas das vinhas que cobrem as encostas à nossa frente, à esquerda e à direita. Não há ruído que nos incomode. O último comboio a passar na estação do Pinhão, ali mesmo atrás do hotel, já foi há algum tempo, e o próximo sabe-se lá quando virá. É verdade que os carros cruzam a ponte ali ao pé, mas não se ouvem, como se um muro invisível se tivesse levantado para nos proteger de tudo o que não é tranquilidade, o calor a aconchegar-nos o corpo e um copo de vinho a refrescar-nos a alma.
Ficamos, por isso, por ali, a lamentarmo-nos por não termos um biquíni que nos deixe usufruir da piscina, mas ao mesmo tempo felizes por podermos ficar ao sol, enquanto ele não se esconde atrás da colina ali mais à direita. E, por falar nisso, já não falta muito para ele ficar oculto por aquela elevação coberta de vinha, pelo que olhamos para o outro lado, para a varanda do nosso quarto, no 3.º piso do hotel, e começamos a pensar que ali sempre teríamos sol por mais uns minutos.
Por isso, vamos para o quarto, abrimos a portada e instalamo-nos na cadeira de ferro, com o Douro e ainda o sol por companhia. Só mais um pouco. Só mais um bocadinho até voltarmos para dentro. A maldição da região duriense, para quem só está de visita, é que nunca queremos partir. Se nos deixassem ali ficar, só mais uns dias, uma semana, alguns meses…
É hora de entrar e reconfortarmo-nos com a suíte imensa que nos coube na sorte. Há uma sala com um sofá confortável, várias imagens do Douro na parede e no canto, ao lado de um dos reposteiros decorados com rubros cachos de uvas, há um candeeiro antigo, de cores fortes, com um menino negro a segurar várias lâmpadas. Adrian Bridge, o director-geral da Fladgate, que incluíra, horas antes, este quarto na visita que fizéramos ao hotel, tinha demorado alguns segundos a olhar para o candeeiro de pé, indeciso. “Ainda não sei se vai ficar aqui”, disse.
- Nome
- Vintage House Hotel
- Local
- Alijó, Pinhão, Rua Manuel António Saraiva
- Telefone
- 254 730 230
- Website
- www.vintagehousehotel.com/pt/