Aqui estamos em Santo Tirso. Do outro lado da estrada fica Vizela. Mais além, depois do rio, é Guimarães. Confuso? É assim mesmo no vale do Ave. Ali ao lado é uma fábrica, mais à frente há outra e depois uma mais. Aqui, estamos numa guest house. Parece estranho? Certamente, mas é assim mesmo no vale do Ave. Casas, fábricas, rio e vinhas entrelaçam-se numa teia complexa. Encontrar uma unidade hoteleira com bom gosto, serviço atento e uma cortina que a desliga deste mundo o mais das vezes feio parece um achado. É isso mesmo a Casa da Baiona.
Até aqui chegarmos, o GPS fez-nos perder entre caminhos estreitos que contornam terrenos agrícolas, passar em frente a casas humildes, cafés de aldeia, grandes e pequenas fábricas (para evitar igual experiência, siga as nossas indicações na página ao lado). Encontrar o lugar da nossa estadia no meio de tantas unidades industriais fez-nos entrar com receio. A Casa da Baiona fica quase literalmente entalada entre fábricas, que pertencem aos mesmos proprietários, mas uma “muralha” de pinheiros e abetos cria uma barreira visual imprescindível.
“A localização não joga muito a nosso favor”, reconhece Sara Pinto, directora do espaço, “mas, uma vez aqui, não nos apercebemos onde estamos”. Pudemos conferir isso mesmo. A casa está num patamar elevado, pelo que se afasta da envolvente. O espaço verde à sua volta joga a seu favor e amortece o som. Dentro do edifício, o silêncio é absoluto. Mesmo no meio da indústria, a Casa da Baiona pode ser um refúgio, mais do que uma unidade hoteleira para quem viaja em negócios.
A unidade é pequena – tem quatro quartos duplos, sendo que um deles é uma suíte –, mas tem um serviço aprimorado e charmoso ao nível de um bom hotel. Os hóspedes têm também ao seu dispor um campo de ténis e uma piscina exterior, que é apoiada por um bar, também aberto ao público. Na zona de auxílio à piscina existe também um centro de relaxamento, com uma sala de massagens, um pequeno ginásio e sauna.
A Casa da Baiona abriu em Agosto num espaço que, nos últimos dois anos, os proprietários já usavam para o alojamento para alguns clientes especiais. O grupo empresarial aproveitou as condições que o edifício oferecia para o transformar numa unidade hoteleira que pode continuar a acolher os clientes do grupo, mas está agora aberta ao público.
Esta guest house não está só no coração do vale do Ave. Fica também localizada bem no centro de uma das maiores empresas da região, o grupo Polopique, que tem várias fábricas situadas nesta área. Ao todo, são 40 mil metros quadrados de instalações industriais, onde trabalham mais de mil pessoas. A firma tem toda a produção integrada, desde a produção do fio a partir de algodão até aos produtos finais, que são peças de vestuário destinadas, em grande medida, às várias marcas do cardápio da Inditex, como a Zara ou a Massimo Dutti, por exemplo. A Polopique é, de resto, o terceiro maior fornecedor mundial do grupo galego.
A história da Casa da Baiona está intimamente ligada à da produção têxtil no vale do Ave. O edifício foi mandado construir pelo empresário José Magalhães, que era proprietário de algumas das fábricas das imediações, nos anos 1950. Era então uma residência particular, que foi usada até aos anos 1980. A partir de então teve muitas outras vidas, antes de ter aberto, no Verão, como guest house. A casa foi refeitório da administração e dos quadros das empresas da família, foi creche para os filhos dos seus funcionários.
- Nome
- Casa da Baiona
- Local
- Santo Tirso, Vilarinho, Rua Chã da Raposa, 52, Bairro da Baiona
- Telefone
- 271 708 225/226