Fugas - hotéis

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Um hotel na terra do silêncio

700 hectares para ouvir

Na parte construída pelos homens, neste caso no edifício projectado por Pedro Brígida e Alice Faria, existe um hotel com 13 quartos. Lá dentro, há um pequeno spa com sauna e espaço de massagens, ao lado de uma rocha que ali estava antes e não saiu do lugar. Há cantos que pedem para parar e só ficar. Janelas por onde se espreita para constatar que “estamos no meio do nada” e isso pode ser muito, como nota João Leitão. As lareiras acesas e o espaço despido de bibelôs, peças de arte ou outros adereços, tornam a casa acolhedora. Nos quartos, onde apenas foi colocado o essencial, a cama está coberta com uma manta da Burel Factory que é feita com o material denso das capas que cobrem os pastores. 

Cá fora, há uma piscina, um parque infantil e um campo de futebol onde os mais pequenos prometem quebrar o prometido silêncio. E, literalmente, mais nada. “Bem-vindo à terra do silêncio”, dizem os proprietários da quinta com mais de 650 hectares.

Sem nos afastarmos muito do hotel, há percursos e trilhos marcados em volta onde nos podemos aventurar com a expectativa de tropeçar num animal, uma ruína ou outro pedaço de história. Podemos fazê-lo de forma organizada, com as orientações e apoio do pessoal do hotel, ou simplesmente ir. 

Mas o Colmeal Countryside Hotel quer oferecer mais do que a modernidade e o conforto no meio do nada. E já se sabe que uma das melhoras maneiras de agradar um convidado é à mesa. A cozinha deste hotel tem a assinatura e consultoria do chef Vítor Claro onde os seus aprendizes experimentam combinar os ingredientes da região com a sazonalidade e um toque contemporâneo. Por exemplo? Uma sopa de abóbora com beterraba, costeletas de borrego com castanhas, salmão fumado (fumado na cozinha do hotel) e gelado regado com mel. Os proprietários do hotel ainda guardam alguns frascos de mel antigo — João Leitão chama-lhe mel “vintage” — produzido há anos no Colmeal e prometem que, em breve, além de novos edifícios e pessoas, as terras voltarão a ser povoadas também por abelhas e, claro, o Colmeal terá um novo mel. Vítor Claro criou também uma linha de produtos de marca própria do hotel, como o vinho Silêncio, o mel Essência e o azeite Harmonia.

No pequeno-almoço, também há espaço para o mel. Ao natural ou a regar gomos de laranja também temperada com azeite. Ali mesmo ao lado de pães e bolos ainda mornos, requeijão, compotas com “sabores da Geninha”, sementes, sumos e outros mimos que tornam mais fácil o acordar. 

Numa conversa ao pé de uma lareira da casa, o casal João Leitão e Catarina Byscaia, ele formado em economia e ela profissional na área da publicidade, conta que quis juntar muita coisa num só lugar para chamar gente para esta aldeia desabitada. “As pessoas querem consumir experiências. Aqui encontram muita coisa que é diferenciadora. Tudo num conceito slow tourism.” Neste hotel, explica João Leitão, oferece-se uma quebra, um tempo para respirar fundo, “no meio de um vale, rodeado por uma natureza que parece que nos esmaga”. A recuperação do Colmeal, já o dissemos, vai continuar com o compromisso de que o que lá está, o que resta do passado, vai permanecer. 

Nome
Colmeal Countryside Hotel
Local
Figueira de Castelo Rodrigo, Colmeal, Quinta do Colmeal
Telefone
271 312 352
Website
www.colmealhotel.com
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