Fugas - hotéis

  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido

Aqui ainda se sentem os passos de Zé do Telhado

Por Patrícia Carvalho ,

Quatro casas de aldeia foram reabilitadas para receber quem chega, com o conforto simples de um espaço sem luxo, mas muito cómodo. O famoso bandido do século XIX andou por aqui e ainda há memórias da sua presença, entre o verde dos campos em redor.

José tinha-nos dito e não mentiu. “Não vão ter neve para fazer esqui, mas, quando acordarem, vão ver tudo branquinho.” O quarto da Casa do Beiral ainda está quente (bem quente) do calor que a lareira do piso inferior leva a todas as divisões, mas assim que o estore é levantado os campos aparecem, a brilhar de branco, com a relva escondida sob a geada desta manhã fria de domingo. Estamos nas Casas do Telhado, por onde andou o famoso salteador português Zé do Telhado, e o Porto está a menos de meia hora de carro, mas podia estar a dias de distância, tal é a tranquilidade. E é isso mesmo que José quer que os hóspedes sintam.

Aos poucos, José Cunha e a esposa, Susana, têm comprado e recuperado os terrenos em torno do que era já a casa dos pais dele. A quinta cresceu, os campos tornaram-se maiores e os edifícios acumularam-se. A casa onde, conta, viveu o Zé do Telhado — ou melhor, José Teixeira da Silva, do lugar do Telhado — é agora a casa da família, ao cimo da propriedade. Mas, noutra ponta, para lá do campo de ténis e de voleibol, semi-escondida por silvas, está uma outra construção em ruínas, que o salteador, conhecido como o Robin dos Bosques português, terá usado como esconderijo. Entre estes dois extremos estão as quatro casas que a família reabilitou para receber hóspedes.

Decoradas com simplicidade, mantendo as paredes de pedra e equipadas com tudo o que é essencial para passar uns dias ali refugiado, as quatro casas (uma T2, uma T2+1 e duas T3) ostentam os nomes que são também uma memória daquilo que já foram: há a do Lagar e a do Caseiro, a do Fumeiro e aquela onde ficamos, a do Beiral. 

Somos recebidos pela lareira acolhedora e por quartos funcionais com mantas quentes, que levamos do piso superior para o sofá do rés-do-chão (só porque sim), bem pertinho do fogo que crepita atrás do vidro. As casas são novas (quase a estrear, só receberam os primeiros hóspedes no fim do ano) e ainda há ajustes de última hora a fazer — a chave da nossa casa só tranca por fora e temos que avisar Adriano, o responsável pela manutenção, que se esqueceu de deixar o gel de banho —, mas bastam uns minutos de sossego no seu interior para se perceber aquilo que José nos dissera ainda há pouco. Que quis criar espaços onde as pessoas “se sintam em casa”, um espaço “de bem-estar”, com todos os requisitos básico e um nível “standard-alto”. “Somos um espaço um bocadinho low-profile, mas de bem-estar, onde ninguém chateia ninguém. Queremos que as pessoas venham para aqui e se sintam felizes, a viver bem. Que façam o que fazemos quando para aqui vimos: relaxar e divertir-nos com os amigos, sentirmo-nos bem”, diz o proprietário.

Uma volta pelas casas, com o sol a preparar-se para desaparecer não tarda, faz-nos ter saudades da nossa lareira, mas também desejar estar por aqui numa altura em que o Inverno já se tenha ido embora e em que possamos usufruir de outras ofertas bem mais dirigidas ao Verão. Como a piscina, rodeada de uma generosa área verde, onde deve saber muito bem mergulhar entre banhos de sol. Ou, então, retirar as mesas de madeira penduradas nas paredes exteriores, colocar os bancos corridos a jeito, deixarmo-nos ficar no exterior, a gozar uma refeição prolongada — talvez nos aventuremos no famoso arroz do forno da zona (afinal, temos um forno para isso) ou dêmos vida à churrasqueira — aquecidos pelo sol. 

Nome
Casas do Telhado
Local
Penafiel, Penafiel, Caminho das Sebes
Telefone
968 331 350
Website
www.casasdotelhado.com
--%>