Fugas - hotéis

  • Adriano Miranda
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As histórias de Aveiro contadas em 400 metros quadrados

Quase tudo à nossa volta faz lembrar aquela doce tentação que costuma ser servida dentro de uma hóstia, sob a forma de concha, peixe, búzio ou barricas. Mas, e ainda que não nos custe admitir esse vício por doces, não foi esta forte invocação dos ovos-moles que levou à escolha deste quarto para a nossa estadia nesta casa cheia de histórias. Qual a razão, então? Este quarto dispõe de uma varanda com vista privilegiada para o jardim do Rossio e para o canal Central da ria, zonas especialmente aprazíveis em dias quentes, como foi aquele que lá tivemos a oportunidade de passar – em pleno mês de Fevereiro, é verdade, mas com os termómetros a marcarem 20 graus.

Não fosse o apelo da varanda, a escolha teria sido mais difícil. É que cada quarto tem o seu próprio encanto e exibe um ou mais pormenores que dão vontade de por lá ficar — mesmo naqueles que nos parecem um pouco mais apertados.

No quarto dedicado à Casa Major Pessoa, por exemplo, o hóspede chega a ter a sensação de estar dentro daquele imóvel icónico da cidade de Aveiro que, actualmente, acolhe o Museu Arte Nova. O azul-turquesa que caracteriza o edifício está presente nas paredes do quarto e a cabeceira da cama reproduz os traços arquitectónicos da casa projectada por Silva Rocha e Ernesto Korrodi. Já no quarto dedicado à estação de comboios — que está preparado para acolher hóspedes com mobilidade reduzida —, salta à vista o armário que reproduz um amontoado de malas de viagem, bem como as cabeceiras das camas decoradas com azulejos antigos — importa lembrar que a estrutura ferroviária aveirense é conhecida pela beleza dos seus painéis azulejares. Para decorar este quarto, a opção não passou por reproduzi-los mas sim “aproveitar azulejos que se encontravam no antigo armazém e usá-los como elemento decorativo das camas”, conta Maria João Lincho.

Nesta unidade de alojamento, a preocupação com a decoração é de tal ordem que consegue reflectir-se até na forma como o pequeno-almoço chega à mesa dos hóspedes. A primeira refeição do dia, que é servida no restaurante instalado no rés-do-chão, é entregue numa pequena caixa de madeira — uma miniatura das caixas de fruta — e o pão lêvedo e o croissant integral aparecem ainda quentinhos, dentro de um saco de pano. Dentro da caixa, cabem ainda um iogurte, manteiga, compota, queijo e fiambre, um pastel de nata e um sumo natural, servido dentro de um frasco. A aposta da casa passa por ter, a cada dia, sumos diferentes (aquando da nossa estadia, uma mistura de banana, manga e pêra), bem como ingredientes diferentes para complementar a base de iogurte natural.

Da marmita ao menu de degustação

No restaurante Armazém da Alfândega, as “histórias” são outras e surgem pelas mãos de Daniel Cardoso, antigo chef e sócio do Le Moustache Smokery, em Lisboa. Não gosta de ser apelidado de chef, porque não gosta de títulos — tal como acontece, diz, com os “doutores” e “engenheiros” que teimamos em colar aos nomes —, mas é difícil evitá-lo. Tanto mais porque uma das experiências que salta à vista na carta do Armazém da Alfândega é, precisamente, a proposta “Chef ao balcão”. No primeiro e último sábado do mês, os clientes podem degustar um menu idealizado, confeccionado e empratado pelo chef em exclusivo para o cliente (seis pratos por 50€ por pessoa, com a opção de harmonização do vinho por mais 12€).

Nome
Histórias por Metro Quadrado
Local
Aveiro, Aveiro, Travessa do Rossio, 1
Telefone
234 420 289
Website
www.historiasm2.com/
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