Fugas - hotéis

  • DR
  • DR
  • DR

Passeios a cavalo, conversas e uma cozinha de onde não apetece sair

Por Alexandra Prado Coelho ,

Há sítios que aperfeiçoaram a arte de nos fazer sentir em casa. A Herdade da Matinha é assim. Será do Tiago, da Ricardina, da Boneca, dos cavalos, do pão da dona Ercília ou da horta do senhor Henrique?

“Tenha cuidado, o melhor é ficar ali, ao pé daquela mesa porque eles agora vão passar a correr”, avisa Ricardina, a tratadora dos cavalos da Herdade da Matinha, próxima de Cercal do Alentejo. Seguimos o conselho e saímos do caminho dos animais, que, atraídos pelo feno acabado de chegar, se dirigem cada um para a respectiva box, enfiando o focinho no balde. Ficamos ali a vê-los comer, procurando o melhor ângulo para os fotografar. Um francês aproxima-se, trazendo o filho ao colo e a filha pela mão. Já andaram a cavalo num dos dias anteriores, hoje vêm só de visita. A menina observa Ricardina a escovar um dos animais e pergunta se pode fazer o mesmo. Daí a momentos já está de escova na mão, passando-a pelo lombo de um belo cavalo, que aceita, paciente, o tratamento.

A Serra — assim se chama a égua que vamos montar — está pronta e Ricardina explica-nos o básico para o passeio que vamos dar. Vai ser muito fácil, é só segurar as rédeas de forma que ela perceba que estamos ali, mas sem nos impormos demasiado. A Serra é muito bem ensinada e segue o cavalo da tratadora, parando obedientemente a alguns passos de distância sempre que o outro também pára.

Os únicos momentos em que discordamos é quando ela decide inclinar o pescoço com elegância e pôr-se a comer ervas e flores. Não pode ser, temos que continuar, mas compreendo a tentação: o campo à nossa volta está lindo, cheio de flores amarelas e brancas e, aqui e ali, o roxo das alfazemas. Lá ao fundo vê-se o mar.

Ricardina é psicóloga, especializada em trabalhar com atletas, e vai explicando como convence, por exemplo, crianças que dizem ter medo de montar um cavalo a fazê-lo. “O que é o contrário do medo?”, pergunta-lhes. E, na maior parte dos casos, daí a pouco elas já estão em cima do cavalo, aprendendo que a relação com um animal é de confiança mútua.

É difícil quando se escreve sobre a Herdade da Matinha evitar um dos grandes clichés deste tipo de textos que é o de dizer que aqui nos sentimos como em nossa casa. Mas, por mais voltas que tentemos dar à frase, essa é realmente a sensação.

Chegámos, na véspera, num dia de chuva. Deixámos o carro no parque e seguimos pelo caminho até à entrada. Espreitamos por uma das portas, parece uma sala, mas não é muito claro se podemos entrar ou se estamos a invadir algum espaço privado. Chega outro carro e do interior, abrigada da chuva, Ricardina (que na altura ainda não conhecíamos) faz sinal para entrarmos.

Há de facto uma sala, aliás, várias pequenas salas, porque esta é uma casa cheia de recantos, mas é a grande cozinha que nos atrai. Aí está gente a preparar o jantar, anunciado numa ardósia na parede para que, quem quiser, possa reservar com tempo. O nosso quarto fica na parte mais recente da Matinha, um projecto que já fez 21 anos e que, conta-nos depois Tiago — que, na ausência do proprietário, Alfredo, será o nosso anfitrião — tem vindo a crescer gradualmente, à medida das necessidades.

E continua a crescer. Na zona do restaurante vemos alguns operários a trabalhar, colocando traves de madeira para alargar o espaço exterior. O restaurante vai ficar maior, e aquele que agora é espaço exterior vai afinal ser “engolido” pelo interior, criando zonas distintas, uma mais para casais, outra para famílias que tenham crianças.

Nome
Herdade da Matinha
Local
Odemira, Odemira, Herdade da Matinha - Cercal do Alentejo
Telefone
933 739 245
Website
www.herdadedamatinha.com
--%>