Fugas - neve

Pelos quatro cantos das neves de Huesca

Por Carla B. Ribeiro e Luís J. Santos

Explorando os vales de Tena e Aragão, não faltam estâncias de dimensões e valências várias, com atracções tanto para os mais experientes como para os principiantes. Da gigantesca e diversificada Formigal, com sua "complementar" e doméstica Panticosa, à charmosa Astún e à simpática Candanchú. E isto caia neve ou não, como testemunharam Carla B. Ribeiro e Luís J. Santos, que não falta maquinaria para produzir mantos brancos.

Em meados de Dezembro, passeávamos pelas encostas e vales dos Pirenéus Aragoneses rezando por neve, que ela bem tinha caído em força há poucos dias mas depressa foi arrasada pela chuva, "a pior inimiga das estâncias", que anulou o manto branquinho. Ao longo dos dias de viagens de ida e volta entre estâncias, e contra todos os prognósticos, ainda tivemos a sorte de uns perfeitinhos flocos. Não que fossem essenciais à experiência proposta. Aliás, a sua falta deu para perceber quão bem apetrechadas estão hoje em dia as estâncias aragonesas: é que bem pode faltar neve da verdadeira, que os canhões estão sempre a postos.

"Bendita neve artificial", ouvimos e concluímos. Afinal de contas, já com a temporada aberta, as estâncias não se podem dar ao luxo de não terem pistas abertas que satisfaçam todas as perícias esquiadoras. A neve pode ser pouca, mas os canhões não param de alimentar os tapetes pelos quais centenas, por vezes milhares, deslizam diariamente.

Porém, este é um cenário bem diferente do que se poderá encontrar por estes dias, e em geral por estes períodos em qualquer temporada, apesar de 2010/11 estar a ser algo inconstante. Tal como o foi o último mês do ano: ao fim do primeiro dia de um voo com destino a Saragoça e um par de horas de condução, Formigal apresentou-se com os seus picos brancos. Mas pelas ruas de Sallent de Gállego, a localidade a escassos quilómetros da estância onde ficámos hospedados, apenas se viam um ou outro montinho de gelo. Já frio não faltava, ampliado pelo vento cortante. Deitamo-nos com poucas esperanças de um diferente cenário pela manhã. E as suspeitas confirmaram-se: neve pouca (felizmente, sol, muito, mas o calor é sempre de pouca dura.).

Formigal, a grande

Formigal não é uma estância "esquis nos pés", como muita gente prefere, o que obriga a uma pequena deslocação dos hotéis às zonas de esqui. Mas não lhe faltam mais-valias que compensam esse pequeno contratempo. O ambiente é jovial e animado, ao mesmo tempo que oferece uma estrutura eficientemente montada capaz de receber desde grupos de amigos em busca da adrenalina do cada vez mais procurado freestyle até famílias mesmo com crianças pequenas, de esquiadores de primeiras neves aos mais experientes e afoitos.

E não é por acaso. Estamos na maior estância espanhola, com 137km esquiáveis divididos por 97 pistas (sete verdes, para iniciados, 19 azuis e 33 vermelhas, para níveis intermédios, e 38 pretas para os mais exigentes), além de um snowpark e, em estreia esta temporada, uma pista Boarder Cross para os que se querem iniciar nos saltos ou um Terrain Park para actividades radicais. Mas não valem a pena sustos com a dimensão: é fácil aceder a todas as pistas. Primeiro pela existência de quatro acessos diferentes, um por cada vale: Sextas, Sarrios, Annayet e Portalet. Em cada uma, zona de estacionamento, área de lazer e de aluguer de equipamento e, claro, meios mecânicos. É num destes, mais precisamente numa telecadeira de quatro (há ainda cintas, telesquis, e telecadeiras para dois, seis e até uma para oito que, no total, permitem transportar quase 37 mil pessoas por hora), que fazemos um primeiro reconhecimento até um dos pontos mais altos de Formigal.

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