Todos reconhecem ainda que os preços dos peixes e mariscos são elevados, daí que a conta final da refeição seja alta. Sabe-se igualmente que o Porto de Santa Maria tem uma estrela Michelin - é actualmente, em Portugal, o que ostenta a distinção há mais tempo.
Aqui começa a controvérsia. Como se sabe, o Michelin distingue com uma estrela os restaurantes que, segundo os seus critérios, oferecem "uma muito boa mesa na sua categoria", fórmula em que cabe quase tudo. Há quem pense que o Porto de Santa Maria a não merece. Essa não é a minha opinião.
Defendo antes que há outros restaurantes, alguns com oferta semelhante à do restaurante do Guincho, que também a merecem, mas esse não é problema do Porto de Santa Maria, mas do Michelin, cujos inspectores que acompanham Portugal, baseados em Espanha, têm a nossa restauração em pouca conta.
Argumentam os descontentes, acusando o Porto de Santa Maria de não ter praticamente cozinha, por muito da sua oferta ser constituída por grelhados. Mas é isso quem pede quem lá vai. Isso e os peixes - robalos e douradas, cozinhados no sal ou no pão; o pargo e outros peixes assados no forno à portuguesa; a lampreia e o sável no tempo deles; o arroz de marisco; um bacalhau; uma perdiz; até um bife, que ele há gente para tudo.
O que não podem pedir no Porto de Santa Maria é uma cozinha criativa e sofisticada. Um dia chamei-lhe "Santa Maria da simplicidade". Depois de uma visita recente, mantenho o qualificativo. Quatro comeram: o pão e a manteiga do "couvert" (8 euros); os bons rissóis de camarão (5 euros); as pataniscas de bacalhau (3 euros), das fininhas e bem fritas, que estavam salgadas; um presunto ibérico de bolota muito bom (16 euros); dois queijos frescos (4 euros); uma travessinha de gambas da costa boas (55 euros); uma sopa de marisco (5 euros), que poderia ter menos farinha e tomate; umas amêijoas à Bulhão Pato (25,20 euros), das boas, fresquíssimas, sem um grão de areia, e o azeite, alho e coentros discretos, como deve ser.
De peixes, comeu-se um pargo assado no forno, peixe no ponto certo de cozedura, suculento, fresco e saboroso, acompanhado de batatas previamente cozidas e que depois acompanharam a assadura do peixe. Único ponto a suscitar reparos, o excesso de cebola e de tomate, os quais, no entanto, não prejudicaram o sabor do pargo.
Não se percebe porque é que o peso das gambas não acompanha, na conta, o preço, nem se entende a junção dos dois peixes na mesma parcela.
Como sobremesa elegeram-se os magníficos gelados Santini e a excelente mousse de avelã (24 euros, tudo). Bebeu-se o Bons Ares branco 2006 (16 euros) e o Dona Berta branco 2006 (23 euros), frescos, equilibrados, com, no primeiro, a casta Viozinho a civilizar a Sauvignon Blanc com uma frescura e acidez vivificantes; o Dona Berta é a Rabigato, fruta fresca, mineralidade evidente, a brilhar. Total da refeição para quatro: 280,06 euros. Bons copos e temperatura de serviço adequada.
O serviço, quando a casa enche, por exemplo almoços de domingo, torna-se um tanto frenético. Refira-se que o restaurante é grande. Em geral, os empregados são simpáticos e respeitam os tempos de uma refeição. A carta de vinhos, com muita escolha e de qualidade, está a precisar de levar uma volta, nomeadamente quanto à datação. Quanto ao resto, ficam informados: o Porto de Santa Maria está igual a si mesmo e, ao que parece, não pensa mudar.
- Nome
- Porto de Santa Maria
- Local
- Cascais, Cascais, Estrada do Guincho
- Telefone
- 214879450
- Horarios
- Terça a Domingo das 12:30 às 15:30 e das 19:30 às 23:30
- Website
- http://www.portosantamaria.com
- Preço
- 35€
- Cozinha
- Peixe e Marisco
- Espaço para fumadores
- Sim