Fugas - restaurantes e bares

  • Enric Vives-Rubio
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Oiça lá ó sr. fado

Por Luís J. Santos ,

Tem a fama e o proveito de ter os elencos mais consistentes e uma gastronomia portuguesa aplicada. O Sr. Vinho, venerada casa de Maria da Fé em Lisboa, soma mais de três décadas. E a fadista não faz por menos: "sempre com um elenco grande, com grandes nomes".

Para os lados da Lapa - Madragoa, há quase quatro décadas que uma casa faz correr rios de fado e faz história. O Sr. Vinho, de Maria da Fé e José Luís Gordo, uma sala familiar e aprumada, é uma referência para portugueses e turistas, decorada a memórias da carreira e referências fadistas.

A casa, uma sala de jantar bem aprumada e acolhedora, contidamente decorada com elementos lusos, é marcada pela fadista Maria da Fé, confessa "perfeccionista" mas que não integra o elenco regular: "Canto quando me apetece, quando acho que devo cantar", diz, até porque o Sr. Vinho é afamado por apresentar elencos fortes e vozes seguras, dando espaço a nomes que marcam rumos do fado (Aldina Duarte, António Zambujo) ou vozes prometedoras.

Enquanto um brilha, os outros fadistas aguardam o seu momento num canto recolhido e a fadista, nos intervalos da conversa connosco, até vai dando conselhos a uma voz mais jovem. "Isto é uma escola", diz Maria da Fé, com mais de meio século de carreira.

"É muito gratificante para mim ver as pessoas crescerem e darem frutos". "Nunca quis ser só eu, o Senhor Vinho foi sempre uma casa com um elenco grande, com grandes nomes" (e aqui entra um detalhe: "Eu e o meu marido descobrimos a Mariza e aqui é que ela começou profissionalmente").

Alicerçada numa gastronomia de raiz portuguesa, esta senhora casa de fados tem continuação geracional assegurada: a filha Rita Gordo, que também canta mas não o fado tradicional, colabora na gestão e garante que a casa não perderá a sua alma. Sobre os custos de uma ida a uma das grandes casas de fado, Maria da Fé sublinha que "vai-se a um espectáculo e paga-se 20 ou 30 euros por um bilhete". "Cá, ouvem-se cinco ou seis grandes artistas todas as noites e isso tem custos". No caso, algo entre os 50 e os 70 euros, em geral - um preço, aliás, comum a todas as grandes casas de fado. "Vivemos dos clientes, é uma empresa muito grande, como qualquer casa de primeira linha. Não temos ajudas de custo de ninguém, não somos subsidiados por nada", sublinha.

O certo é que o elenco da casa é, de facto, e reconhecidamente, de primeira. E isto que inclui diferentes variantes, do mais tradicional, ao mais experimentalista, do fado clássico ao fado novo que canta o quotidiano contemporâneo. O mesmo é dizer de Aldina a Zambujo, de uma prometedora Vanessa Alves a Liliana Silva, Gisela João e Duarte; aos exímios guitarras, Paulo Parreira e Rogério Ferreira. E, claro, em noites especiais, a própria Maria da Fé. "Pedem-me quase sempre para cantar, mas têm que pensar que tenho 68 anos e mais de 50 anos de fado e já estou cansada. Mas canto".


Comer e beber

Jantar custa entre 50 e 70 euros (o consumo mínimo sem jantar orça em 25 euros)

A proposta de entradas é farta e dependerá mais da carteira que da falta de apetite: de presunto Pata Negra ao camarão tigre, dos queijos lusos a gambas e camarão ou vieiras gratinadas, de saladinha de bacalhau a alheira com ananás.

As especialidades da casa passam por arroz de marisco com lagosta ou de tamboril com gambas, massada de peixe, favas ou perdiz à Sr. Vinho e, claro, entre outros, os bacalhaus (à chefe, da casa, assado, albardado com arroz...).

Nos peixes e marisco, sugerem-se cataplana de garoupa, nacos de tamboril grelhado com molho de maracujá ou salmão com ervas aromáticas.

Nas carnes, os bifes à portuguesa ou da casa, cabrito assado no forno, espetadas de aves ou vitela.

Nome
Sr. Vinho
Local
Lisboa, Santos-o-Velho, Rua do Meio à Lapa, 18
Telefone
213972681
Horarios
Todos os dias das 19:30 às 02:00
Website
http://www.srvinho.com
Preço
55€
Cozinha
Portuguesa
Espaço para fumadores
Não
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