Natal não é Natal sem chocolates. E, para alguns, Natal não é Natal sem chocolates da Arcádia. Há 75 anos que a casa portuense fabrica os seus chocolates artesanais, "só com produtos naturais", conforme salienta Margarida Bastos que, com o irmão João Bastos, partilha a propriedade do negócio criado pelo avô em 1933. Hoje, a fábrica ocupa parte do que foi a primeira confeitaria da família, a Arca Doce, e entre panelas e formas ainda são visíveis os azulejos azuis e brancos que também se encontram, ainda, na loja.
Lá dentro, num ambiente quente e mergulhado no odor do chocolate, há muitas mãos a colocar pequenas folhas de azevinho em caixas ou a colocar nozes e pinhões sobre bombons. Outras que unem dois lados de um coração negro, com um pouco de chocolate ainda líquido. Outras que se debruçam sobre panelas fumegantes de chocolate com amêndoas. É uma das épocas de mais trabalho para a Arcádia, e também aquela em que os chocolates da casa são mais procurados. Embalagens grandes e pequenas, pré-feitas ou montadas ao gosto do cliente, juntando os chocolates avulsos disponíveis nas vitrinas, saltam das mãos das vendedoras para as dos clientes, em caixas douradas e azul-marinho ou nas embalagens retro, com velhos anúncios da Arcádia. Há caixas estreitas de 100 gramas com bombons de whisky ou vinho do Porto ou caixas maiores, com desenhos tradicionais e o mesmo produto no interior.
Por ano, saem dali cerca de 45 toneladas de chocolate, e entre 15 a 20 toneladas são fabricados para a época natalícia. No ano passado, a Arcádia lançou os chocolates com vinho do Porto. Este ano, estão aí, desde Outubro, os chocolates com whisky. Uma mistura de chocolate de leite com o whisky escocês The Balvenie. João Bastos diz que estes dois produtos representarão "cerca de 25% das vendas" e que têm "bastante sucesso".
Criar o chocolate de whisky não foi tão difícil como o de vinho do Porto. Aí perdeu-se muito tempo até encontrar o tipo de chocolate e o vinho cuja conjugação fornecesse o sabor pretendido. Concluiu-se, por exemplo, que não se podia usar chocolate negro, porque este "abafava o sabor do vinho" e optou-se pelo chocolate de leite, porque o "deixa realçar um pouco mais". Quando chegou a hora do whisky, as dezenas de experiências já feitas com o vinho do Porto deram uma ajuda, e a parceria com a The Balvenie fez o resto. O resultado é um chocolate de leite, com recheio de chocolate negro e o sabor inconfundível do whisky a espalhar-se por todo o lado.
Há quem não resista a esta mistura entre álcool e chocolate, mas também há quem não abdique dos doces mais tradicionais da casa. Um produto que não é exactamente barato (os bombons sortidos são vendidos a 40 euros o quilo), mas a que muitas pessoas continuam a não conseguir resistir. João Bastos diz que aos seus chocolates podia ser aplicada a antiga frase publicitária de um detergente: "O algodão não engana. Quando falamos de chocolate as pessoas são muito claras, ou gostam ou não, e os nossos clientes são a nossa melhor publicidade. As pessoas compram e gostam."
As novidades da Arcádia ou os seus produtos mais tradicionais - as caixas de sortido e as línguas-de-gato continuam a ser dos produtos mais vendidos - podem ser encontrados nas dez lojas da marca, sete no Porto e três em Lisboa. Este ano, a empresa familiar decidiu experimentar o franchising e está prevista a abertura, até ao final do ano, de duas outras lojas, em Guimarães e em Braga.
Para o ano, promete João Bastos, a casa de chocolates vai passar a dispor também de vendas online. Pode ser bom para o negócio, mas não será, certamente, o mesmo que ver ao vivo cada uma das peças saídas das mãos de mulheres atarefadas, sentir-lhes o cheiro e escolher, um a um, o pedaço de chocolate que vai levar consigo para casa.
- Nome
- Arcádia
- Local
- Porto, Porto, R. do Almada, 63
- Telefone
- 222001518
- Horarios
- Segunda a Sexta das 09:30 às 19:00
Sábado das 09:30 às 13:00
- Website
- http://www.arcadia.pt/