Fugas - restaurantes e bares

Nuno Ferreira Santos

Jamaica, uma ilha no Cais do Sodré

Por Tiago Pereira Carvalho ,

Regresso à mítica discoteca do Cais do Sodré, uma casa com quatro décadas de história. E de muitas histórias.

Passam poucos minutos da meia-noite e a rua está vazia. Fernando Pereira, filho de um dos fundadores do Jamaica, aponta para um cartaz que anuncia que Rodrigo Leão vai ser "DJ convidado" daquele bar na primeira semana de Outubro. Dentro de horas é provável que as históricas filas à volta do Jamaica despontem - ali mesmo onde está parado, nos n.º 6-8 da Rua Nova do Carvalho, no Cais do Sodré de Lisboa.

Rodrigo Leão não vai ao Jamaica por acaso. Vai tomar conta dos pratos no âmbito das celebrações dos 40 anos da casa - no dia 6, à imagem do que já fizeram este ano personalidades como o realizador João Botelho ou a jornalista Leonor Pinhão, habitués das noites "jamaicanas". A iniciativa "40 Anos/40 Noites no Jamaica" marca o aniversário redondo de um bar que nasceu numa antiga leitaria, em 1971, com um nome para seduzir os marinheiros que traziam café das Caraíbas e que aportavam em Lisboa para o deixar, recorda Pereira.

O Jamaica é conhecido ainda por ter sido o primeiro bar a ter noites regulares de reggae, há cerca de vinte anos. O responsável pelo feito era o DJ residente Mário Dias, que também tratava das selecções pop/rock. Actualmente é o filho, Bruno Dias, que reside na cabine de som até às 6h e tanto dá a ouvir temas de Iggy Pop, como dos Táxi ou dos Rolling Stones, geralmente cantados em uníssono. As noites de reggae mantêm-se às terças, sempre sob o olhar de um Bob Marley imortalizado num poster na parede, mesmo à entrada.

Foi aqui, num local que "tinha um certo cheirinho a pecado", que Mário Zambujal apresentou a Crónica dos Bons Malandros, no início dos anos 1980. As palavras são de Zambujal. Também seria aqui que o escritor e jornalista iria apresentar o seu mais recente livro, Dama de espadas, caso a casa não tivesse fechado por questões de segurança, em Maio. No início, o bar era "uma mistura engraçada" de bar de alterne com "malta que não queira nada com isso". Havia slows, uma banda residente. Aos poucos, o alterne foi-se deslocando para outras paragens.

Fernando Pereira realça que o público do Jamaica é heterogéneo e transgeracional, lembrando ainda o papel casamenteiro do bar. "Há muitas situações de pessoas que se conheceram aqui, casaram, tiveram filhos e já os trouxeram ao Jamaica. Deixaram de vir e agora vêm os filhos."

Nome
Jamaica
Local
Lisboa, São Paulo, Rua Nova do Carvalho, 6/8
Telefone
213421859
Horarios
Terça a Sábado das 00:00 às 06:00
Website
http://www.jamaica.com.pt
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