Uma crítica com mais de um mês de idade pode considerar-se tão podre como uma pescada fresca ao fim desse mesmo tempo. Muita coisa acontece num mês.
Ser conhecido também não é bom para escrever sobre restaurantes. Ser reconhecido pode acabar num desastre, quando os proprietários fazem um esforço excessivo para agradarem e, com extrema injustiça, se estampam ao comprido.
Mais frequente é ser tratado como um rei e depois escrever uma descrição do banquete que vai enganar desastrosamente o leitor que lá vai a seguir, à espera do mesmo tratamento, e é tratado menos bem ou, como acontece de vez em quando, é maltratado.
É por essas e por outras que tenho vindo a escrever menos sobre restaurantes que apenas visito duas ou três vezes. Sinto-me em terreno mais sólido quando escrevo sobre restaurantes que conheço muito bem e onde vou almoçar e jantar frequentemente ao longo do ano.
Claro que estes dois ou três restaurantes são os meus preferidos. Aquele de que vou falar hoje está a celebrar o 35.º aniversário e é, também, aquele onde vou almoçar quase todos os dias de há uns bons anos para cá. Não posso dizer que o conheço muito bem porque estou sempre a ser surpreendido. E sempre pela positiva.
O restaurante chama-se Neptuno e situa-se mesmo em cima do areal da praia das Maçãs. A vista, da serra, praia, falésia e do oceano é completamente formidável. Poder-se-ia comer mal no Neptuno que valeria a pena ir lá só pela envolvência. O clima e a luz são um espectáculo em permanente mutação. É um posto não só de observação meteorológica como de participação meteorológica.
Um dos maiores prazeres é sair da água do mar depois de um bom banho e, depois de um breve passeio, estar sentado na esplanada do Neptuno para almoçar ou jantar.
O Neptuno é, acima de tudo, um restaurante de peixe do mar. Ali nunca entrou um único peixe de viveiro ou sequer um peixe de mar devidamente congelado.
O peixe vem todo da lota de Peniche e, havendo excelentes robalos, douradas, sargos, lulas, salmonetes, sardinhas e pargos, também lá encontra belíssimos peixes da nossa costa que raramente aparecem nos outros restaurantes da zona: cantaris, várias, safias, ganoupas (também chamadas “garoupas da pedra”), chernes inteiros, pampos, atuns, chicharros, carapaus, pescadas de anzol, rascaços, ruivos, chocos, raias-manteiga, besugos, gorazes e, de vez em quando, verdadeiras novidades.
O Fernando, que gere o Neptuno, vai sempre a Peniche escolher e trazer todo o peixe. Tratando-se de um conhecedor profundo de peixe e marisco, só traz o peixe que estiver impecável. Por isso varia muito de semana para semana. O cherne, por exemplo, só aparece quando está na época. Vale a pena espreitar o Facebook do Neptuno.
A qualidade do peixe é perfeita e o peixe é armazenado em condições ideais. Os preços são sempre justos, reflectindo o movimento dos preços na lota de Peniche. Os preços tanto sobem como baixam. É o sinal seguro de um restaurante sério: quando os peixes estão na época os preços descem alegremente. Os restaurantes onde os preços dos peixes são sempre os mesmos ou só mudam para aumentar já não têm a mesma seriedade.
- Nome
- Neptuno
- Local
- Sintra, Colares, Rua Pedro Álvares Cabral (Areal da Praia das Maçãs)
- Telefone
- 219291222
- Horarios
- Todos os dias das 12:00 às 22:30
- Website
- https://www.facebook.com/restauranteneptunogrillbar
- Preço
- 25€
- Cozinha
- Peixe e Marisco