Este Sessenta, nome inspirado no número de polícia do prédio, o 60, prémio Valmor em 1916, é um restaurante que já fez um ano em Julho, parecendo ter condições para comemorar muitos mais aniversários bem afreguesado. O Sessenta é uma dessas casas de comer que não nos surpreende nem pelo pretensiosismo, nem pela fantasia, nem por ementas quilométricas e cheias de citações culinárias. No entanto, percebe-se que o restaurante Sessenta, da Rua de Tomás Ribeiro, esquina da Luís Bívar, não descurou nenhum pormenor. Tudo é simples e funcional, asseado, arejado e suficientemente confortável para que as refeições decorram sem sobressaltos.
Uns 40 lugares próximos uns dos outros, salvo os de um recanto de paredes pintadas de verde, alfaias de mesa capazes, copos dos melhores e faz sentido que assim seja, pois a carta de vinhos do Sessenta é daquelas que confirmam - e lamentavelmente são muito poucas - uma afirmação ultimamente muito ouvida entre nós, que nos garante que há cada vez melhores vinhos a bons preços.
O cardápio do Sessenta agrupa uns 70/80 vinhos: champanhes e espumantes, brancos, rosés, tintos e generosos, alguns deles servidos a copo, e todos, sem excepção, vendidos a preços decentes. Os proprietários do Sessenta mostram ser amigos dos vinhos e de quem gosta de os beber. As colheitas são datadas e o serviço preocupa-se em servir os vinhos às temperaturas correctas.
Quanto à comida, dando mostras de conhecer bem o lugar da cidade em que se instalou - há muitos escritórios e multiplicam-se os restaurantes, alguns deles de antiguidade e boa relação qualidade/preço, como é o caso, entre outros, do Tório, do Latino, do Campos, do Cisterna -, o Sessenta oferece duas ementas diferentes: aos almoços, os pratos ficam-se pelos 8,50 euros, sendo, em geral, da cozinha tradicional portuguesa; aos jantares, a oferta alarga-se, os preços vão até aos 18 euros, mas, salvo um ou outro pormenor, é também na nossa tradição culinária que se inspira o chefe Mário Rua.
De um modo geral, a comida é saborosa e bem confeccionada. Alguns exemplos: o bacalhau à Gomes de Sá, um dos pratos da ementa do dia dos almoços das 2ªs feiras, respeita o original, o que constitui uma raridade; também os filetes de palmeta, servidos com uma salada crua de alfaces e um arroz de cenouras, apesar do escasso sabor do peixe, se apresentaram competentemente panados e fritos; o arroz (louve-se o ser carolino) tinha passado o ponto de cozedura.
Aliás, o mesmo se verificou num dos recomendáveis pratos do jantar, a trilogia de polvo (17 euros), na qual o cefalópode, tenro e bem temperado, é servido frito, envolvido em polme à japonesa (tempura), confitado com mel e numa salada à algarvia, com cebola, pimento e outros, tudo picadinho, além do arroz. Outro prato de peixe da ementa do jantar é o pargo assado com arroz de sapateira e seu recheio (16 euros), peixe fresco, cortado em filete alto, servido sem espinhas, de carne firme e suculenta, agradou muito.
Muito bom, pela qualidade da carne, saborosa e suculenta, e pelo excelente ponto de cozedura, o carré de borrego assado em crosta de azeitonas, com batatinha assada e estufado de legumes (16 euros). Igualmente muito boa a degustação de pato: coxa estufada em vinho tinto, peito levemente defumado e fatiado, arroz de pato desfiado encimado por uma isca de foie gras (18 euros). Saliência para o impecável ponto de cozedura do fígado, ponto culminante de um conjunto catita.
- Nome
- Sessenta
- Local
- Lisboa, São Sebastião da Pedreira, Rua Tomás Ribeiro, 60
- Telefone
- 213526060
- Horarios
- Segunda a Sábado das 12:30 às 15:30 e das 20:00 às 22:30
- Website
- http://www.sessenta.pt
- Preço
- 20€
- Cozinha
- Portuguesa Contemporânea
- Espaço para fumadores
- Não
