"Sou uma impudência a mesa posta de um verso onde o possa escrever" - "A Defesa do Poeta"
O Botequim original nasceu em 1971, marcado pela figura de Natália (e praticamente uma extensão da sua casa, por cima do café) mas contando também com outras ilustres mãos na sua formação e/ou desenvolvimento, como Isabel Meireles, Júlia Marenha e Helena Roseta. Foi um espaço fulcral da boémia e tertúlia alfacinhas durante as décadas de 70 e 80 e não havia figura intelectual (ou não) que não passasse por lá para marcar presença e/ou lançar o seu bitaite. De Ary dos Santos a David Mourão-Ferreira, de Alçada Baptista a Luís Pacheco, de Cardoso Pires a José-Augusto França, a lista será infindável, tal como as obras, colaborações, decisões e etc. que terão eruptido nas noites d'' O Botequim. No pós-25 de Abril seria também poiso de muitos políticos e debates a fervilhar. O bar fechou em 1993 (após a morte de Natália, que passou a sua última noite n'' O Botequim) e, anos depois, o espaço reabriria como sede da Fundação José Afonso, albergando, posteriormente, uma livraria especializada em literatura infantil, a Pequeno Herói (baptismo inspirado por Grandes Aventuras de um Pequeno Herói, livro para jovens da autora), encerrada em 2007.
"A carne é flor ou consequência do seu perfume?" - "Meditação"
É certo que a casa chama à literatura. E não faltam páginas que dêem gosto ler (até nas estantes). Mas a literatura mais saborosa que por aqui se encontra (e experimentámos já grande parte, portanto aconselha-se vivamente com toda a sinceridade gustativa) é a ementa. Reparem nestes versos: Tostas de presunto, tapenade de azeitonas, queijo brie e mostarda / Alheira assada com tomate cherry e alecrim / Carpaccio de muxama de atum / Prego no Bolo do Caco com manteiga de alho - não rima mas sabe mesmo bem. Estes são pratos substanciais mas não faltam petiscos: chouriço assado de Barrancos, farinheira frita (e/ou em ovos mexidos), saladas de búzios, polvo ou ovas (e outras saladas mais vegetais), croc madame, pão com alho e azeite ou azeite e tomate, queijos da ilha ou o picante da Beira Baixa, tostitas de palhais com pesto de manjericão e sumo de tomate temperado... Venha a gula e escolha. As comidas são apuradas e, aplauda-se, os preços são justos: petiscos em redor dos €3,5, mais substanciais em redor dos €6.
"Para que desses um sentido a uma sede indefinível" - "O Livro dos Amantes I"
Ah, sangria a cintilar. Bem fornecida e frutrada (tente lá descobrir bom vinho, boa fruta ou morangos noutras sangrias por aí fora...), a sangria d'' O Botequim é uma boa opção: há tinta, branca e de espumante. Quando por lá passámos, a pré-ementa ainda não incluía os cocktails, mas é mais do que certo que valerão a pena a prova, até porque fazem questão de desenvolvê-los com base em bebidas portuguesas: experimente Subitamente no Verão (Porto Lágrima, tónica, limonada, hortelã), Céu de Lisboa (sumo laranja natural, licor Beirão, gelo picado), Malandrinha (Amêndoa Amarga, gelo picado, limonada) ou Crioulo (com aguardente de cana). As bebidas clássicas lusas também estão em destaque - há até uma madeirense poncha de maracujá. A carta de vinhos é ainda curta mas inclui os básicos.
- Nome
- O Botequim
- Local
- Lisboa, Lisboa, Largo da Graça, 79
- Telefone
- 218888511
- Horarios
- Todos os dias das 10:00 às 02:00
- Website
- http://www.facebook.com/botequim