Fugas - restaurantes e bares

DR

“Café au Lait” em movimento contínuo

Por Andreia Marques Pereira ,

É um café-bar que abre de manhã e fecha de madrugada, acompanhando o ritmo da vida da cidade, mas já faz parte do circuito dos noctívagos. "Só podia existir aqui nesta rua, neste número, com esta arquitectura, com este mobiliário", assegura o proprietário.
É no Porto, mas podia ser em qualquer sítio do mundo (pelo menos é essa a ideia do proprietário). Por exemplo, Paris. A toponímia até ajuda - Rua Galeria de Paris - e inspirou o nome - Café au Lait. É francês, mas também é "divertido", considera Pedro Araújo, mentor e proprietário do espaço, porque se presta a trocadilhos - "podia ser Café Olé, em espanhol", explica. Com nome francês, trocadilho espanhol, identidade cosmopolita, o Café au Lait tem uma localização bem portuense, mesmo na baixa, a dois passos da Torre dos Clérigos.

 

A localização na baixa do Porto foi imprescindível para Pedro Araújo. Já o facto de o Café au Lait, que abriu em Agosto do ano passado, ter encontrado casa "na rua mais bonita do Porto" foi (quase, portanto) pura coincidência - como foi pura coincidência a "rua mais bonita do Porto" não ser a galeria mais bonita do Porto: o projecto inicial era cobrir esta rua com um tecto de vidro, a exemplo das galerias parisienses. Tal nunca se concretizou, mas as fachadas dos prédios - do início do século XX, incluindo alguns exemplos, devidamente destacados nos guias da cidade, de Art Noveau - dão à rua um certo ar parisiense (como os cigarros ficam à porta do Café au Lait - há um cinzeiro - esta questão não é de somenos) . "Não há assim muitos espaços para alugar nesta zona, quando vi este senti que era o sítio certo", lembra Pedro Araújo. Não é um espaço grande, mas impressiona pela altura do pé direito. É estreito e comprido, mas tem luz natural q.b. que entra por portas de vidro que ocupam a fachada e as traseiras.

 

Foi sempre um armazém de tecidos, mas era o sítio certo para um espaço como não há muitos no Porto, garante Pedro Araújo. É mais um conceito, explica. Um café-bar (a esta equação talvez se possa acrescentar casa de chá): é um café que fecha às duas da manhã (abre às 11h30) e que à noite tem um ambiente de bar - sempre ao som de música (nesta matéria não há uma tendência definida: jazz, easy listening, soul, blues, funk, pop/rock fazem parte do menu e de quinta-feira a sábado há djs). Não se julgue, porém, que há uma fronteira nítida entre o antes e o depois de anoitecer. O Café au Lait vive simplesmente ao ritmo da cidade - acompanha o seu balanço diário e semanal.

 

Começa de manhã com o pequeno-almoço (tardio) e atravessa a hora do almoço (ementa mediterrânica), sobretudo com pessoas que trabalham nas redondezas. Ao longo da tarde há entra e sai e há entra e fica - abrem-se os portáteis (há wireless), os livros, os jornais (há alguns disponíveis). Com o fim da tarde, chega a hora do chá e de repente a faixa etária até pode subir. Ao princípio da noite ainda se servem refeições (embora o serviço seja condicionado depois da 22h), e noite fora é bar aberto. E ao fim-de-semana esta (des)ordem pode subverter-se.

 

A decoração serve bem este movimento contínuo e combina com o edifício - o resultado é retro o suficiente para ser moderno na medida certa. As paredes são claras - no tom ideal para lembrar a idade (e o charme) do edifício - e o mobiliário (não é todo igual, mas há "coerência estética") vem direitinho dos anos 50 - Pedro Araújo achou que "se adequava" e lançou-se numa verdadeira "caça ao tesouro", com paragens em lojas de móveis usados, em casa da mãe e no espólio do velho Café Estrela. Não é, definitivamente, um café dos anos 50, mas as mesas (de madeira e de ferro, quadradas e redondas, algumas com tampos de fórmica) e as cadeiras dão uma vaga ideia de intemporalidade; os candeeiros de mesa e de pé dão uma concreta sensação de intimidade - e, para quebrar convenções, uma explosão de cor, num candeeiro multicolor que paira na parte de trás do bar.

 

Os frequentadores do Café au Lait são tão fluidos quanto o conceito. "Estava curioso por saber que público iria atingir", reconhece Pedro Araújo. Ecléctico. "Temos senhoras de idade a tomar chá ao fim da tarde e profissionais liberais durante a noite". E estudantes, e trabalhadores da zona. São os que vêm à noite os mais fiéis, porque o Café au Lait já começa a fazer parte do circuito da baixa do Porto. É uma rampa de lançamento. "Que só podia existir aqui nesta rua, neste número, com esta arquitectura, com este mobiliário", assegura Pedro Araújo.

 

Refeições Ligeiras
A ementa no Café au Lait é eminentemente mediterrânica. Ingredientes como o tomate seco, o pesto, a rúcula e a mozarella são comuns na oferta da casa, que inclui saladas, sanduíches, tostas e quiches. Pedro Araújo destaca a salada Café au Lait 4,50 euros): queijo feta, rúcula, tomate, alface e croutons de ervas. Há ainda a salada grega, a outono e a cous-cous. As sanduíches são de mozarella, brie e presunto, atum e salmão. Há menus económicos que podem incluir sopa, tosta ou salada e café.

 

"Happy hour" do chá
Não é uma casa de chá, mas a oferta nesta área é abundante. Um tabuleiro é levado às mesas e o cliente tem cerca de 20 chás à escolha. Desde os mais comuns chá pretos, verdes e brancos, aos chás da Índia, Paquistão ou China. Entre as 16h e as 22h há a "happy hour" do chá - todos os chás por 1,50 euros-

 

Garrafeira
Pedro Araújo tem algum orgulho na garrafeira que exibe e nos elogios que tem recebido dos colegas do ramo. As jóias da coroa são dois uísques de 18 anos: um Cutty Sark e um Glenfiddich (ambos por 12 euros).
Nome
Café Au Lait
Local
Porto, Porto, R.Galeria de Paris, 46
Telefone
222025016
Horarios
Segunda a Sexta das 11:30 às 02:00
Sábado e Feriados das 12:30 às 02:00
Website
http://cafeaulait-porto.blogspot.com
--%>