Fugas - restaurantes e bares

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Armazém do Chá

Por Luís Octávio Costa ,

Era uma vez um Porto que perdeu o vício de sair para tomar café depois de jantar. E depois era uma vez um sítio à espera de sair da toca. Saiu pela mão de Rui Miguel Silva e Sérgio Ribeiro e agora o Porto vai lá ler o jornal, beber vinho a copo e dançar até às tantas.

Cinco toneladas de chá (está lá o carimbo "cosecha 1986/87, indústria argentina"), o mecanismo de um monta-cargas e outros pequenos artefactos que coabitaram com a empresa de torrefacção no número 180, da Rua José Falcão, no Porto. A herança ainda se detecta à vista desarmada: ao fundo no rés-do-chão, escondida atrás do balcão no primeiro andar, em "stand by" na divisão (ainda) secreta.

O Armazém do Chá existe porque o Porto perdeu o vício de sair para tomar café depois de jantar. Também porque um dos últimos sítios que Rui Miguel Silva (aka DJ Tilinhos) e Sérgio Ribeiro (dupla que durante muito tempo integrou a equipa da produtora Garagem) frequentaram com prazer foi o Aniki Bobó na quase extinta Ribeira. Porque já devia ser moda pedir vinho a copo, porque sabe melhor ler o jornal sentado num sofá retro com o sol na cara, porque vale a pena ouvir The Teenagers e acompanhar com uma bolachinha e um chá de roseira brava e flor de hibisco.

Em Setembro de 2005, e depois de duas investidas frustradas em sítios escolhidos a dedo, o armazém deu o primeiro sinal de querer sair do estado de coma. Joana Rafael traçou o projecto de arquitectura e o espaço - agora candidato ao João de Almada, prémio instituído com o objectivo de incentivar e promover a recuperação do património arquitectónico do Porto - falou por si, mostrando e explicando o que podia vir a ser. E também pretende ser um abanão numa zona da cidade intermitente, uma série de artérias da baixa portuense que tanto esgotam o estacionamento em horário nobre como desaparecem do mapa num abrir e fechar de olhos - um bom complemento para espaços como o Plano B, o Café Lusitano e até para os polivalentes Rosa Escura, Pipa Velha, Ferrugem, Café au Lait, Casa do Livro...

A ideia é ir ao Armazém e voltar. A visita guiada sem sentido único: sala de estar "easy listening", cafetaria alternativa e leve, wine bar, pista de dança (já dançou por todo o lado, aterrou no primeiro andar), palco multifuncional (três tamanhos e equipado para dar resposta a bandas até cinco/seis elementos), DJ "spots" (sim: música saudável; não: metal, trance e afins), paredes amplas como telas e outros cantos a explorar.


Rato
Preto e cinza, rústico e industrial. O design do espaço é simples, urbano e moldável. É opaco e transparente, é vertical e horizontal (prova dos nove disponível no site www.armazemdocha.com). Aqui também há rato. Será discreto e envergonhado.

Retro
O Cine Teatro de São Mamede preparava-se para se desfazer de uma relíquia. Sérgio Ribeiro, então programador do espaço, aproveitou a deixa e reciclou a ideia (e uma série limitada de sofás retro) para o Armazém. A gerência agradece.

Ritmo
A aposta em novos talentos e talentos consagrados será grande numa zona da cidade com raras soluções. O primeiro andar está equipado com um palco amovível (três tamanhos disponíveis) para bandas até cinco/ seis elementos.

Nome
Armazém do Chá
Local
Porto, Porto, Rua José Falcão, 180
Telefone
22.2444223
Horarios
Segunda a Sexta das 10:00 às 02:00
Sexta das 10:00 às 04:00
Sábado das 18:00 às 04:00
Website
http://www.armazemdocha.com
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