A ementa segue a filosofia do espaço, oferecendo pratos de inspiração clássica com outros de perfil moderno e contemporâneo. Mas não vão à espera de encontrar as ousadias de algumas criações culinárias de Miguel Castro e Silva, quando era o proprietário e chefe de cozinha do portuense Bull & Bear. Podem contar, porém, com confecções cuidadas, pontos de cozedura impecáveis, produtos de qualidade e cozinhados muito apurados e saborosos. A crise, por um lado, e as ideias dos proprietários do Largo, entre os quais não se encontra Miguel Castro e Silva, por outro, poderão explicar o conteúdo dos menus, que são fundamentalmente dois: um executivo, para os almoços de segunda a sexta.feira (18 euros, com direito a uma entrada e a um prato de peixe ou carne, sem sobremesa nem bebidas); e outro de serviço à lista, com oito entradas, duas sopas, dois risotos e massas, cinco pratos de peixes e mariscos, seis pratos de carnes e aves e dois vegetarianos, havendo também uma carta de sobremesas. O "menu estação" deixou de existir, havendo neste momento tão só um menu para os sábados e feriados, sendo que aos sábados aos almoços há "cabrito lechal assado no forno".
Aspectos menos agradáveis da oferta: preços dos pratos em geral exagerados, acima dos 20 euros, atendendo à respectiva composição e confecção; um couvert pobrezinho, pelo qual nos cobram 3,50 euros: umas torradinhas, uns bocadinhos de pão de milho e de trigo, um pacotinho de manteiga e um estufadinho de tomate, azeitonas e ervas aromáticas; e uma carta de vinhos, embora bem escolhida, mas tamanhinha, sem datação das colheitas.
Num almoço e num jantar, houve oportunidade para se provar, como entradas, a "sopa alentejana de peixe e amêijoas" (8,50 euros), muito saborosa, com a sua rabanada de pão embebida no caldo de coentros, mais umas boas amêijoas e uns pedacinhos de peixe fresco; as "trouxas de chêvre com tomate e mel e alfaces" (12,50 euros), com o queijo envolvido na estaladiça massa filo, servido em boa companhia; o "soufflé de camarão e espargos verdes, bisque de camarão" (11,50 euros), com o caldo bem apaladado a dar vida ao soufflé de confecção correcta; o "robalo marinado com ervas frescas" (14,50 euros), peixe fresquíssimo, servido em filetes pequeninos, bem temperados com limão, aneto e azeite fino, quase um "ceviche" bem bom; e o "cake de legumes com salada, chutney de tomate e maçã" (9,50 euros), uma fatia de um fresco e saboroso bolo de legumes, mais a salada verde e uma quenelle de chutney de bom sabor e confecção.
Os pratos de peixe experimentados foram o conhecido e famoso, ao menos entre os adeptos da cozinha de Miguel Castro e Silva, "bacalhau 80º graus, de cura portuguesa com migas de poejo e hortelã da ribeira" (22,50 euros). Prato com aromas e sabores intensos portugueses: posta do lombo aberta em forma de livro, com o seu toque indispensável de sal, cura impecável, gelatinosa da cozedura lenta, servida na feliz companhia de migas bem moldadas e muito perfumadas de poejos; pescada com cobertura de azeitonas e broa, molho suave de alho, batatinha cozida e espargos verdes (23 euros), confecção respeitadora da frescura e do sabor pouco afirmativo do peixe; e "filetes de linguado com vieiras, creme de alho francês" (24 euros), com os filetes enrolados na vieira, provavelmente brevemente passados pela frigideira e/ou o forno, servidos com batatinhas cozidas a vapor, tudo muito correcto.
Dos seis pratos de carnes e aves, em que há dois bifes, provaram-se, e aprovaram-se, uma afirmativa perninha de "cabrito lechal" (24,50 euros), muito bem assada e temperada, na boa companhia de meias luas de batatas também assadas; e um excelente "cachaço de porco preto assado" (21 euros), carne raiada de gordura, tenríssima e saborosa, servida na opípara companhia de grão de bico guisado. Belo prato, de novo com os aromas e sabores portugueses em saliência. Nas sobremesas, todas elas muito boas, e algumas muito originais, saltitou-se entre um untuoso e dulcíssimo pudim Abade de Priscos (5,50 euros), gratinado de maçã (4,50 euros), aparentado com o crumble, um arroz doce anisado mergulhado num xarope de vinho do Porto com cerejas aí maceradas (6,50 euros), uma mousse de chocolate com creme de avelãs (6,50 euros) e uma tarte de laranja (4 euros), com ela fresca e saborosa, bem acolitada por uma gelatina do fruto fresco. Da carta de vinhos, em que há alguns a copo, entre os quais dois feitos por Miguel Castro e Silva em parceria com a duriense CARM e Paços dos Cunhas de Santar (Dão), escolheu-se o branco Castelo d''Alba Reserva 2009 (17,50 euros), equilibrado e fresco, e o tinto Quinta do Ribeirinho Primeira Escolha 2003 (34,50 euros), muito elegante e fino, já com bouquet pronunciado, um vinho muito bom de Luis Pato. O serviço de mesa é atento e a cozinha trabalha a bom ritmo.
- Nome
- Restaurante Largo
- Local
- Lisboa, Lisboa, Rua Serpa Pinto, 10A - Chiado
- Telefone
- 213477225
- Horarios
- Segunda a Sábado das 12:30 às 15:00 e das 19:30 às 00:00
- Website
- http://www.largo.pt
- Preço
- 40€
- Cozinha
- Autor
- Observações
- Aceita cartões.
- Espaço para fumadores
- Sim
