Fugas - restaurantes e bares

  • Paulo Pimenta
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Charcutaria (fina) com serviço à mesa

Para o dia, então, uma charcutaria com ar de mercearia vintage — com aquela aura-tradicional-mas-irrecusavelmente-contemporânea tão em voga por estes dias; e com o toque indelével de Pedro Trindade, arquitecto de formação e profissão, detalhista por natureza. Por isso, as tais histórias que ele cria antes de começar um projecto, para não se dispersar. Então voltamos ao “trisavô”, e ao mobiliário, “todo de família”, vindo “da velha quinta”.

Na verdade, é tudo novo, mas as mesas e as cadeiras, estas com o espaldar feito de repas, são idênticas a muitas que estiveram em casas portuguesas há 30 anos, a estante dentro do balcão é uma referência directa a mercearias antigas e, simultaneamente, aos aparadores de sala. Isto combina com volumes modernos como a caixa de madeira que resguarda o espaço da cozinha, outras caixas que são as casas de banho e o balcão de mármore. 

No espaço de pé direito imenso, suportado por colunas brancas de ferro (e sob a tutela de um skiff antigo), o balcão exibe orgulhosamente uma balança de outros tempos, numa das duas prateleiras que acompanham toda uma parede, uma máquina de escrever e lamparinas dividem espaço com garrafas de vinho, espalhados encontramos rádios antigos que são colunas de música. Nas várias portas envidraçadas, t-shirts penduradas (estampadas com temas portuenses) resgatam mais tradição, a das roupas estendidas nas janelas dos prédios.

A música transita entre o interior e o exterior sem nunca se impor — soul, jazz, funk, como está no ADN do “grupo”, ao fim-de-semana servida por DJ. Também nesse vaivém andam os empregados, encarregados de materializar os desejos sugeridos pela carta que vem presa numa tábua de queijos. Queijos que são, claro, os protagonistas dos pratos desta charcutaria, nacionais e internacionais — espreitamos o mostruário e vemos Nisa, Castelo Branco, Terrincho, azul “danês”, manchego, gorgonzola: algumas tábuas chegam a ter oito queijos diferentes (o que não pode deixar de ser um paraíso para os normalmente acérrimos fãs) para uma degustação acompanhada de champanhe, vinho branco ou tinto ou do Porto. 

A acompanhar os queijos há enchidos vários, azeitonas, tortilhas, saladas, conservas. Em breve, estas serão ingredientes em pratos criados na hora, mas por enquanto ainda se vai tomando o pulso ao que os clientes querem. O carpaccio de novilho e o bife tártaro (este, sobretudo) são destaques numa carta onde as refeições frias imperam — contudo, no Xico Queijo a oferta nem sempre cabe na carta, há “sugestões” que dependem dos acasos diários (por exemplo, no dia anterior à nossa visita houve percebes porque um amigo pescador tinha tido um bom dia no mar). Não há acasos diários nas bebidas — há uma oferta vasta onde abundam os vinhos (incluindo argentinos), não se podem contornar os champanhes e destacam-se os “Xico specials”, que incluem sangria rosé com pepino e uvas e sangria espumante de limoncello, por exemplo.

Nome
Xico Queijo
Local
Porto, Sé, Rua das Galerias de Paris, 79
Telefone
0
Horarios
Domingo, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 02:00
Website
https://www.facebook.com/xicoqueijoporto/
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