Depois, digamos que a Saudade se divide em duas partes. Na ala esquerda, sucedem-se as salas e os recantos a pedirem umas estadas prolongadas para saborear a ementa, recheada de itens nacionais com a promessa de quantidade e qualidade. A última sala é particularmente acolhedora (até porque era onde funcionava antigamente o forno), com sofás e cadeirões.
Na ala direita, sucedem-se as salas e espaços com produtos em exposição e venda. Desfilam artesanato de Montemuro, obras de artesãos locais, fotografias antigas de figuras portuguesas (Luís colecciona fotografia), peças de Bordallo Pinheiro (mestre omnipresente, incluindo na azulejaria ou em peças de serviço de mesa) ou mercearias clássicas da região e do país (vinhos de Collares, bolinhos e conservas tradicionais).
Há uma salinha destinada à venda de prataria e ainda uma outra, que é a jóia da coroa: a sala onde ficavam as antigas salgadeiras da fábrica, que serviam de armazém ao queijo fresco, dispõe agora as suas pias e bancadas à exposição e venda de artesanato contemporâneo. As artes não se ficam por aqui, já que a Saudade também programa vários eventos culturais, incluindo alguns concertos intimistas (com jazz ou fado em destaque).
O traço comum? Chamemos-lhe, subjectivamente, bom gosto. E uma visível inteligência. Depois há um mundo de pormenores a descobrir, até nas casas de banho, com as suas paredes descarnadas e um átrio com um fundo, fundo poço (protegido, claro).
E depois disto tudo ainda se pergunta por que razão foi a casa baptizada de Saudade? "Porque é uma palavra bonita", responde Mary, que, afinal sabe muito da arte da saudade, sendo filha de minhotos com boa parte da sua vida passada nos Estados Unidos. E ao peito, Mary traz mesmo o coração da Saudade: o logótipo da casa é uma estilização (por obra dos criadores dos venerados cadernos Serrote, que também assinarão o menu) dessa sua jóia.
A ementa da Saudade
A grande força da Saudade está na confeitaria: há bolos caseiros à fatia, um já venerado bolo de chocolate, queijadas da Sapa (a mais antiga fábrica sintrense das ditas), scones (grandes e acabadinhos de fazer), cheese cake de frutos silvestres, tarte de limão merengada, travesseiros... Há ainda um belo pão de passas e nozes (uma delícia, inclusive torrado).
Nos chás, pode dedicar-se ao sempre fiel Gorreana ou às tisanas (camomila, cidreira, erva príncipe, hipericão do Gerês, etc.).
Vá pelo sumo de laranja, o clássico Mazagrã (refresco de café), capilé, groselha ou até, honra lhe seja feita, a um Ovomaltine.
E, já agora, não sair sem provar o shot Saudade. É uma doce nostalgia de groselha, vodka e batido de coco.
- Nome
- Saudade - Vida e Arte do Povo Português
- Local
- Sintra, São Pedro de Penaferrim, R. Dr. Miguel Bombarda, 6
- Telefone
- 212428804
- Horarios
- Terça a Domingo das 09:00 às 20:00
- Website
- http://www.facebook.com/CafeSaudade