O estuque no lounge está numa das paredes. Não é original, claro, nem existia sequer - foi apenas uma maneira de trazer um pouco da atmosfera da casa para ali. E mostrar ao que vêm estes sócios - querem conservar ao máximo os elementos da casa e por isso veremos rodapés recuperados, colunas preservadas, janelas e portadas restauradas. E por ter esta história, esta decoração que hoje vemos, "uma mistura do clássico com o moderno", sintetiza Pedro. Está em todo o espaço, em diferentes graus e combinações.
Falámos de Miami no início e agora voltamos lá - porque ainda estamos no lounge, que Pedro considera "o espaço mais sofisticado", e há algo de ostensivo, in your face, na decoração (e no próprio símbolo: uma pequeno primata cravejado a diamantes, Swarovski, sublinha Pedro, com um rubi na boca). É branco, espelhado - já falámos dos espelhos? São omnipresentes, é impossível escapar-se-lhes: na escadaria são uma parede; no lounge, outra parede em losangos e outra parede por detrás do DJ, são a cabina do DJ e as mesas; em baixo, são os balcões, novamente a cabina do DJ e uma faixa por detrás desta; mais em baixo são também uma coluna e uma lista no tecto... -, negro e dourado, um pouco roxo e vermelho.
Branco nas paredes, no balcão translúcido que é também tela para os Led, negro na alcatifa, nos sofás de design contemporâneo, num candeeiro de mesa (de ferro), nas pernas lacadas das mesas baixas com tampo de espelhos, dourado nos candeeiros de parede (as lâmpadas imitam chama), nas molduras dos quadros, nos encaixes das cadeiras roxas, vermelho no sofá do canto. Do tecto, de uma estrela espelhada, pende um lustre comprido de cristal. Entre as peças de decoração e mobiliário (algumas originais), vários estilos se combinam, sobretudo dos anos 20 para cá - o resultado é sumptuoso, uma fogueira de excessos.
Na discoteca, o cenário é mais underground, uma espécie de industrial-chic - e falamos em industrial apenas pela cor: negro maculado apenas por prateado. O pé direito impressiona - 5,40 metros "seguros" por colunas esguias que terminam em capitéis trabalhados - e dá espaço para um simulacro de fachada numa das paredes: no rés-do-chão três bares em cada "porta", no "primeiro andar", varandas, onde os animadores fazem o seu trabalho (e têm ainda outro "palco", um mini-mezanino por cima da porta com direito a bola de espelhos que mais parece um globo). Neste espaço amplo, a cabina do DJ é quase um altar e por detrás o santo é um fauno, gigantesca fotografia impressa, quebrada em duas pela intromissão de lista espelhada - é a única cor na decoração do espaço onde não falta cor quando a festa chega e as luzes se acendem.
O preto e o prateado seguem para a cave, que é onde a discoteca vai descansar - a música é a mesma, os decibéis menos. É mais intimista: o espaço é mais pequeno, os tectos mais baixos e tem um sofá quase interminável que faz um U num dos cantos. Há um bar e duas mesas altas.
Claro que já fomos passando por Ibiza. Mas ainda não nos detivemos. Rewind. Sábado à noite, entre a uma e as duas da manhã: o porteiro e recepcionista na entrada, discoteca ainda vazia, escadas acima e duas raparigas em trajes exuberantes (e diminutos) à entrada do lounge - a rebentar pelas costuras. Não é, sabemo-lo agora, pista de dança, mas parecia, e as luzes nas paredes e no balcão (cores que parecem de cocktails atravessadas por faixas verdes e vermelhas) pintam o espaço em ritmo algo frenético. Vemos o motoqueiro dos Village People no meio da pista - confirma-se era "ele", ele e elas e muitos mais que fazem a animação do More. E aqui entra em força Ibiza, "é o mesmo conceito", explica Ricardo, "animação exuberante".
- Nome
- More Club
- Local
- Porto, Porto, R. das Galerias de Paris, 80
- Telefone
- 222022389
- Horarios
- Quarta-feira e Quinta-feira das 22:00 às 02:00
Sexta e Sábado das 22:00 às 04:00