Fugas - restaurantes e bares

Fernando Veludo/NFactos

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A Baixa que quer ser mais do que noite

Aparentemente. Queriam "deste lado da Baixa" (e "deste lado" é o dos Clérigos, com a linha divisória da Baixa a ser os Aliados) e nem demoraram a encontrar um espaço que assentava quase como uma luva. Mas depois descobrimos que a intervenção arquitectónica foi algo complicada, não pela condição do espaço, mas pela necessidade da sua adequação com as novas funções de restauração - o resultado, conta-nos uma das responsáveis, tem sido alvo de curiosidade por parte de arquitectos. Há pormenores que só um olhar treinado pode valorizar - como a "ousadia" de rasgar um nicho separando a sala de jantar da cozinha e onde se alinha a "garrafeira" (não é por acaso que todas as garrafas têm um design apelativo). E há claramente uma distinção entre o rés-do-chão - onde funciona a cafetaria que se traveste mais obviamente de bar quando o dia avança (mas que na realidade gosta mesmo é de ser os dois ao mesmo tempo) - e o restaurante. E já lá iremos.

Porque tudo isto se fez para servir o tal propósito - beber e comer bem num sítio bonito. Ao meio-dia há pratos do dia e é na cafetaria-bar que se servem - mas ao fim-de-semana o prato do dia pode tornar-se brunch, com menu especial. No resto do dia, continua-se com serviço de cafetaria e o serviço de bar começa a imiscuir-se. Ao final da tarde, já é normal o copo de vinho a sair - e, desde há pouco, com tapas a acompanhar. "A ideia veio de um cliente. Queria petiscar algo não tão pesado quanto as habituais tostas", contam-nos. Hoje há, entre outros, sardinhas de escabeche com tomate e mix de cogumelos e pimento assado - estas provámos e gostámos. O restaurante começa a funcionar pelas 20h00, e em baixo, business as usual. O "bar" ganha preponderância, mas a cafetaria nunca fecha - beber, sim, mas sem esquecer comer. E, claro, pela noite a música impõe-se mais, porém, não se esperem sessões de DJ. Indierock é a dieta musical todo o dia, toda a noite, sem malabarismos de "pratos". Porque os pratos que se valorizam mais aqui são mesmo os outros - afinal, com a pouca oferta de restaurantes na zona, o que se pretende é ter mais uma âncora de dinamização. A noite não é declaradamente uma aposta - e o horário durante a semana é disso eloquente. "Para nós seria fácil apostar mais na noite, temos a estrutura para isso", explicam, "mas dessa forma não poderíamos abrir às 12h00". E assim se percebem as prioridades.

Mas, quase apostamos, a sobriedade que parece inata do Café Vitória irá manter-se inalterada. O mobiliário é tão clean quanto o espaço: mesas quadradas de madeira e cadeiras que seguem um estilo nórdico com braços e assentos de cores distintas (excepto as poucas cadeiras, madeira escura reminiscentes de outros cafés, de outros tempos, que vieram da Holanda) - e estamos em baixo, mas em cima tudo se mantém, só o colorido das cadeiras é substituído por tons crus e as mesas estão postas com toalhas brancas.

E não podemos sair sem falar do jardim de Inverno, como começou a ser chamado - um cubo integralmente envidraçado que se une à sala das traseiras, reinvenção inspirada pelo acrescento prévio -, a navegar pela escuridão com luz suave e cores mais atrevidas, entre os azulejos azuis e brancos originais, plantas e fumo de cigarro (é o espaço de fumadores). É um local de transição, e por isso com uma forte relação com o exterior, o logradouro de design cuidado: na terra batida erguem-se entre focos de luz diferentes espécies de áceres - um de folha caduca cumpre, por agora, a sua função na perfeição: nu, permite ao sol aquecer o "envidraçado", no Verão espera-se que lhe dê sombra -, uma Tipuana Tipu, uma Aroeira Schinus Molle (a árvore da pimenta rosa)...

Nome
Café Vitória
Local
Porto, Porto, R. José Falcão, 156
Telefone
220135538
Horarios
Domingo, Segunda-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 00:00
Website
http://www.cafevitoria.com
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