Fugas - restaurantes e bares

Fernando Veludo/NFactos

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No feminino com a cultura popular

Começamos por essas mulheres, anónimas da maioria, que, sob a supervisão de Maria Helena, trabalharam em peças de vestuário que incorporam um saber ancestral passado de geração em geração - por exemplo, quando Maria Helena chegou ao Montemuro descobriu que as mulheres ainda trabalhavam formas celtas - em design contemporâneo. Há vestidos de linho, écharpes e camisolas de linho e seda natural, bordados a lã - e é uma síntese do trabalho de artesãs da Serra d"Arga, da Freita, do Marão e de Montemuro. Mas há também t-shirts "com" aguarelas de Carlos Basto - várias leituras de um quase irreconhecível Galo de Barcelos, cenas de feiras e igrejas alvas; há saias que poderiam ter vindo de Londres (mas são da autoria de Helena Cardoso - é assim que assina as suas peças), de seda e formas e cores indecisas.

Depois há os barros, em obras figuradas que regressaram ao seu habitat natural - os brinquedos ("o figurado nasce dos brinquedos, depois foi desvirtuado", explica Maria Helena). O tema das "pitinhas" é omnipresente, seja no porco que é um apito, na cobra, no ouriço, no sardão verde e aspecto pré-histórico que também são apitos. Até na flauta transversal as galinhas estão presentes. A ourivesaria é brincos e colares delicados, de vários autores e materiais naturais.

Na livraria, vemos poesia e história, numa selecção pessoal e, obviamente, transmissível, de César Romão. E vemos livros infantis, com o selo da Kalandraka para histórias de agora e de sempre em edições cuidadas como verdadeiros álbuns. Na cave, a galeria ostenta a exposição "Condição Mulher", de Helena Granja, e à boleia daquelas telas de rostos femininos marcantes fez-se uma tertúlia - sobre o corpo da mulher - e uma descoberta - o espaço da galeria também se proporciona a "estar" e por isso vemos agora duas mesas montadas (e noutras ocasiões até mesas de jantar, para reuniões de amigos) e já se viram grupos de miúdos em torno de contadores de "estórias".

Não é Maria Helena quem o diz, é César: "O espaço foi feito como uma sala de visitas, a sala de Helena Cardoso, onde ela recebe os amigos". Rodeada de arte popular portuguesa, que ela não desiste de manter viva e não se cansa de mostrar. "Não merece o esquecimento em que caiu", sublinha a mentora de No Feminino Com.

Gastronomia também é identidade

Se No Feminino Com também é restaurante não surpreende a opção declarada pela cozinha portuguesa. É outro dos traços culturais que faz a identidade do nosso país, refere Maria Helena Cardoso, ela própria envolvida com a "cozinha" - directamente: os almoços de sábado têm a sua assinatura. É um "almoço de família", onde o "bacalhau desfeito No Feminino" (camadas de batatas, legumes, bacalhau, ovo) e a perna de peru assado, por exemplo, são presenças constantes. Nos outros dias, a rotina passa por dois cozinheiros: uma durante o dia, um durante a noite. Durante o dia, a cozinha começa com os pequenos-almoços, passa para os almoços (prato de carne, de peixe e vegetariano, mais sopa), lanches (com fatias de bolos caseiros, por exemplo, de figo, noz, laranja, especiarias, que agora também são vendidos em regime de "take-away", mediante encomenda). À noite, há lista. O preço do almoço é €5,50 (prato, apenas - a sopa é €1,60) que sobe para €6,50 ao sábado; o jantar fica entre €20 e €22 com vinhos e sobremesas - saladas de fruta, aletria, leite-creme queimado, mousse, tartes, cheesecake...

Nome
No Feminino Com
Local
Porto, Vitória, Praça Carlos Alberto, 89
Telefone
222016618
Horarios
Segunda das 10:00 às 19:00
Terça-feira e Quarta-feira das 10:00 às 00:00
Quinta a Sábado das 10:00 às 02:00
Website
http://www.nofemininocom.pt
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