Fugas - restaurantes e bares

  • Rita Baleia
  • Rita Baleia

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A boémia soma e segue no velho bairro dos marinheiros

Os géneros vêm do mercado em frente, um dos mais bonitos de Lisboa. "Não nos abastecemos na Makro", assegura. O pão vem de uma padeira de Torres Vedras. Em torradas, barra-se com doce Flashes caseiro: "Este de tomate foi feito pela minha mãe." E é de comer e chorar por mais.

Aos sábados de manhã é aproveitar para fazer uma peregrinação ao mercado, andar pelo meio das bancas de legumes e peixe fresco e a seguir ir ler o jornal ao Tati. O ambiente luminoso e descontraído convida a ficar mais um bocado. Para os que não se conseguem manter desligados há wi-fi. Aos domingos, entre as 17h e as 20h, as jam sessions espalham jazz pela casa. O bar promove ainda concertos uma vez por semana: "Pode ser jazz, música africana, soul, rock espanhol, fado...".

Outra coisa que faz a diferença nesta "sala de estar", como lhe chama Susana, são as pinturas oníricas de outro amigo da pandilha, Lenny MacLeod. O artista pintou um mural verde-claro entre as duas salas que compõem o espaço onde dragões se enroscam em árvores povoadas de outros animais míticos. "É inspirado numa igreja mexicana", explica Susana Torgal. Ao fundo, um painel de azulejos antigos é outra das imagens de marca do espaço.

E depois ainda há os quadros de Lenny MacLeod pendurados na parede, fantásticos e diabólicos como se Paula Rego se tivesse cruzado com Hieronymus Bosch. Nada foi deixado ao acaso, nem as casas de banho. A deles tem o tecto estrelado, a delas é vermelha. Têm ambas a vantagem de ninguém ter de usar habilidades de contorcionista para conseguir fazer as suas necessidades, como acontece em muitos bares de Lisboa: além de simpáticos, os WC são de uma amplitude pouco habitual.

Num canto ao lado do bar destaca-se uma pequena estante de madeira escura, impecável na sua fechadura discreta, o vidro da porta sem um risco. Pode ter sido de uma antiga farmácia, ou de um escritório. "É linda, encontrámola ontem na Rua de S. Bento, tinha sido deitada fora", conta Susana. O feliz achado já tem uso: serve para albergar os livros que o Tati tem à venda, obras de Pasolini e Buñuel, entre outros autores.

"O Tati é um pouco de nós e daquilo que achamos que a vida deve ser: informal, espontânea, luminosa, descontraída, cheia de música a entrar pelos ouvidos directo a todos os pontos do corpo, paladares e amigos...", descreve a equipa. "Olhamos para o Tati e vemos móveis antigos, pequenos objectos usados e com história, que foram encontrar em diferentes lugares, desde a Feira da Ladra até às pequenas lojas de velharias em Lisboa e fora de Lisboa... e ficou assim, um ambiente entre o velho e o antigo, entre o jazz e a bohème." Os lisboetas agradecem - não só os boémios como também os mais sossegados.

Nome
Café Tati
Local
Lisboa, Santos-o-Velho, Rua da Ribeira Nova, 36
Telefone
213461279
Horarios
Terça a Domingo das 11:00 às 01:00
Website
http://www.cafetati.blogspot.com
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