Andrea Zamorrano e Rui Domingos gostam de chamar aos seus hambúrgueres (ou pelo menos a parte deles, que a carta é longa) "tugológicos" - portugueses e biológicos. São feitos com carne biológica alentejana, e, se bem que continuem a ter um lado internacional, têm vindo a tornar-se cada vez mais portugueses. Na carta de Inverno surgiu aquele que tem vindo a revelar-se uma estrela da temporada: o hambúrguer de alheira, com alheira de Mirandela. Imperdível. Mas há outros "tugas" - já lá vamos.
No dia em que visitámos o Café do Rio - Hamburgueria Gourmet, na Rua da Alfândega, em Lisboa, o Rui não está, e é Andrea, brasileira de sorriso rasgado e paixão pela comida, que nos recebe e nos conta como é que ela, que sonhava ser escritora, e o marido, que era gestor numa multinacional, chegaram até aqui.
A história é longa, temos que a resumir, mas é mais ou menos assim: ele só pensava em cozinhar, ela decidiu adiar o sonho da escrita e abrir um restaurante. Há aquele momento em que um deles diz a frase que vai mudar tudo: "O que é que acha da ideia de abrirmos um restaurante?" O projecto era que Rui criasse os pratos mas continuasse no seu emprego. Só que ele não resistiu e trocou tudo pela cozinha. "Quando ao fim de três meses o Rui pediu a demissão, eu falei "agora só pode dar certo"".
"Não entendíamos nada de restaurantes", confessa Andrea. Mas avançaram. Depois de uma passagem pela Expo, há um ano e meio decidiram instalar-se aqui, a poucos metros do Terreiro do Paço. Criaram um conceito.
"Tinha que ser uma coisa inequívoca, que fizesse as pessoas virem aqui de propósito." A porta é discreta, mas os clientes habituais não se enganam - é aqui que vêm quando querem comer hambúrgueres. E a única dificuldade é a escolha.
Nós fomos privilegiados porque Andrea apresentou-nos um prato com vários mini-hambúrgueres para ficarmos a conhecer pelo menos os "tugas": o Alentejano (molho de azeite com coentros e poejos, salada de pimentos assados e fatia de copita de Barrancos); o Pastor (fatia de queijo da Serra derretido, redução de vinho tinto do Dão, rodelas de tomate e cebola frita); o Nacional (molho de mostarda e presunto de Chaves); o Marrare (recuperando o molho à Marrare), o Cheese com queijo da Beira Baixa, o Cervejeira (molho de cerveja preta).
Mas como gostam de arriscar e querem, como diz Andrea, "desbanalizar o hambúrguer", vão sempre inventando para ver o que resulta. Chegaram a ter pelo São Martinho do ano passado um com molho de castanhas e figos.
Agora, na carta, têm por exemplo os de peixe (atum, bacalhau ou salmão com manga são algumas das hipóteses), os recheados (em que os ingredientes não vêm sobre o hambúrguer, mas são misturados com a carne, por exemplo parmesão, hortelã e sumo de lima), o Mexicano, com guacamole, o picantissimo Diablo, com molho de chipotles e pimentos padrón, ou o asiático Wasabe, com maionese de wasabe, molho teryaki e algas wakame (não provámos).
Todos vêm acompanhados de arroz e batatas fritas, "uma coisa muito lisboeta". E o Café do Rio faz o seu próprio molho de tomate para acompanhar os bifes - fresco, leve, ligeiramente ácido, ligeiramente doce.
- Nome
- Café do Rio - Hamburgueria Gourmet
- Local
- Lisboa, Madalena, Rua da Alfândega, 114
- Telefone
- 218868050
- Horarios
- Segunda das 12:00 às 15:00
Terça a Sábado das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 23:00
- Website
- http://www.cafedorio.pt
- Preço
- 10€
- Cozinha
- Gourmet
- Espaço para fumadores
- Não