Sentamo-nos nos sofás que compõem o primeiro andar e vêm-nos à cabeça coffee houses que enchem o globo. Há similitudes nos conceitos - esse espaço acolhedor, a autonomia (não há empregados a circular porque aqui tudo se faz ao balcão), o wi-fi que tira os computadores dos sacos, os copos de plástico que tornam o café portátil (e por estes dias uma fonte extra de calor enquanto se caminha pelas ruas). E há diferenças - nas paredes de betão cru apoiam-se prateleiras, metalizadas, de livros, a luz é apenas de candeeiros de pé que se ligam e desligam à vontade do freguês, os produtos, e isto é Nuno Cardoso que sublinha, são o mais caseiro possível (e de qualidade: o café varia entre uma mistura de robusta e arábico que é usada apenas nos espressos, que podem ter vários aromas, e o cem por cento arábico, utilizado em tudo o resto - que inclui capuccinos, latte, mochaccinos e irish coffee, por exemplo, tiradas com mestria de quem tem treino de barista -, o chocolate quente tem matéria-prima artesanal).
O espaço é singular, é-o no Porto, sê-lo-ia em qualquer parte, descarnado em paredes de betão e algumas traves de madeira expostas. Não há barreira com a rua (a fachada é a porta) e a primeira sala é quase só balcão, parte expositor (scones, muffins, croissants, folhados, cheesecake, só para elencar alguns dos produtos, que incluem ainda sanduíches e tostas para refeições ligeiras). A escadaria, em transparência com a madeira do chão e os espelhos que a envolvem em jogos de reflexos, estabelece divisão com uma sala traseira, tecto baixo abobadado, sofás que correm as paredes e mesas alinhadas; o primeiro andar tem ambiente de sala de estar, o azul das poltronas (umas mais orelhudas que outras) e sofás em diálogo com mesas baixas de madeira clara, normalmente preenchidas com os tabuleiros usados. As portas-janela abrem sobre a Praça Carlos Alberto e é aqui que os dias escoam em grupo ou "solidão", em conforto de irrepreensível contemporaneidade.
A partir de quinta-feira, a coffee house entra pela noite dentro, já com um serviço de mesa que se quer o menos intrusivo possível para manter o à-vontade e descontracção que são a regra. Mas que não haja confusão, nunca é bar. "Mantemos a identidade o dia inteiro", nota Nuno Cardoso. Como os clientes compreenderam bem o conceito, continua, as opções alcoólicas diversificaram-se mas tudo se mantém em atmosfera controlada, animada por música que à noite pode ganhar DJ ocasionais. E pode encontrar-se com algo que se quer manter das cafetarias tradicionais: as discussões de ideias, à volta ou não de tertúlias, como a que aconteceu nesta quinta-feira - em volta, sempre, do Porto. Em breve, a programação vai ser divulgada no Moustache Tribuna, (um jornal caseiro), com conteúdos "rápidos e objectivos" e "curiosidades engraçadas". "Artigos de leitura de café", resume Nuno Cardoso, porque este é, afinal, um café, ainda que o dito aqui se chame espresso.
- Nome
- Moustache - Coffee House
- Local
- Porto, Porto, Praça Carlos Alberto, 104
- Telefone
- 222082916
- Horarios
- Segunda-feira, Terça-feira e Quarta-feira das 08:00 às 20:00
Quinta a Sábado das 08:00 às 02:00
- Website
- http://www.moustache.pt