Fugas - restaurantes e bares

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A oficina dos bombons

Por Alexandra Prado Coelho ,

Na Rua de São Bento, em Lisboa, a Denegro fabrica bombons e propõe degustações ou workshops para quem queira aprender mais sobre chocolate.
Por detrás do balcão da Denegro, na Rua de São Bento, em Lisboa, há uma porta de vidro. Do outro lado fica a Oficina do Chocolate. De lá de dentro sai um som forte, repetido com uma cadência rápida. Entramos, e a pasteleira Cristina Poças está a bater num dos lados de um molde de bombons, para obrigar o excesso de chocolate a cair.

Este é um daqueles sítios em que podíamos ficar horas a olhar - o chocolate que roda, formando um vórtice, na máquina de temperar, as formas de plástico pintalgadas no fundo com corantes naturais, como se fosse um jogo de crianças, a concha que deixa cair golfadas de chocolate para dentro das formas, a faca que vem depois raspar o excesso, o chocolate que pinga em fios fininhos quando a forma é virada ao contrário, o som da faca a bater de lado, pá, pá, pá, a fina camada de chocolate que fica na forma, pronta para receber a ganache. E daí a pouco tudo outra vez, com uma nova forma. E sempre aquele cheiro doce no ar.

Quando Teresa e Hélder Coelho sonharam ter uma loja de chocolates artesanais não imaginavam como as coisas iriam crescer. A Denegro começou há quatro anos, primeiro em Telheiras, e agora aqui na Rua de São Bento, com fabrico de bombons, mas também degustações e workshops para quem queira aprender mais sobre chocolate. A Teresa e Hélder juntou-se depois o chefe pasteleiro António Marques, actualmente a trabalhar no Restaurante Bica do Sapato, em Lisboa, mas com grande experiência de trabalho em França, e com ele veio Cristina, que desde Novembro está agora a tempo inteiro.

Aqui, orgulha-se Cristina, não se fazem bombons de corte. "A única máquina que existe é para temperar o chocolate, de resto é tudo feito em moldes". O que significa muito mais trabalho, tempo e dedicação. É preciso gostar muito de trabalhar o chocolate. Ela gosta. Recorda como, quando se mudaram de Telheiras para São Bento, andaram às voltas, ela e o chocolate, para se adaptarem ao novo espaço. O chocolate é caprichoso, tem personalidade, e demorou quase dois meses a aceitar a nova casa.

"O principal é tê-lo pré- -cristalizado", explica Cristina. "É isso que lhe vai conferir propriedades de maior brilho, mais resistência, torná-lo mais estaladiço". Está a falar da temperagem, a tal mistura de chocolate derretido com algum sólido, essencial para que tudo o resto corra bem.

Outro aspecto importante para quem queira trabalhar com chocolate é saber que este detesta a água. Por isso, as formas nunca devem ser lavadas - apenas limpas com algodão. "Se as lavamos, os resíduos de humidade estragam o chocolate", avisa. É preciso também respeitar os tempos do chocolate. "O bombom deve ser feito em três dias para que o chocolate possa secar em condições, e a temperatura do ar deve ser mantida sempre a 18 graus."

Na Denegro há bombons com ganaches de framboesa, de gengibre e canela, amêndoa e rum, café, alfazema, lima, lima e manjericão, de maracujá, há bombons de castanha, trufas de vinho do Porto, de alfazema, de canela, orangetes, florentinos, torrões, e até chocolates para diabéticos. E, para quem estiver muito indeciso, há as degustações, para descobrir as misturas de sabores e perceber preferências.

Saímos para deixar Cristina continuar a trabalhar. Há já várias formas preparadas com o chocolate a secar, à espera de receber as ganaches. Algumas são corações, para o Dia de São Valentim. A pasteleira pousa-as sobre uma folha de papel vegetal e quando as levanta novamente ficam desenhados na folha, ao lado uns dos outros, enormes corações com contornos de chocolate. 
Nome
Denegro
Local
Lisboa, Santa Isabel, Rua de São Bento, 333
Telefone
210998022
Website
www.denegro.pt
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