Entrando nos principais, o "bacalhau lascado" (13,50 euros) era uma agradável composição circular, que na base trazia migas de broa e espinafres, sobre a qual era disposta uma camada de lascas muito brancas de bacalhau a puxar para o desenxabido. No topo da montagem uma camada de cebola roxa caramelizada em vinho tinto, tipo compota, cuja doçura, além de acentuar o pendor insosso do bacalhau, tinha na cor rubra um contraste que remetia a aparência do prato para um cheesecake. Sem espaço para mimetismos estava o "polvo à chefe" (15,50 euros), com dois tentáculos vistosos e de textura delicada, acompanhados por um competente xerém de berbigão, também enriquecido com polvo laminado. A completar a guarnição vinham uns cubinhos de abóbora cabaça (também designada de butternut) e espinafres salteados, que davam um belo equilíbrio ao conjunto. À falta do ensopado de borrego, o "lombinho de porco preto e bacon" (14,50 euros), composto por três pequenos medalhões enrolados nas tiras do fumado, cumpriu a expectativa com satisfação. Foi, contudo, preciso desembaraçá-los da cinta de gordura de sabor dominante para lhes verificar as origens do montado - que se confirmaram. No pingo do bacon foram enroladas umas migas também ao estilo alentejano, em que o contraditório foi dado, e bem, por grelos salteados.
Nas sobremesas, a sugestão do dia era uma belíssima "mousse de café" (2,50 euros), plena de sabor e com um apreciável equilíbrio, onde o café era de qualidade e estava bem integrado com a doçura e a leveza da mistura. A "tarte de requeijão" (6,50 euros) era uma minitarte, estilo bolo enqueijado esponjoso, que foi servida tépida com uma bola de gelado de café. Sendo agradável, acho que não justifica o facto de ser o item mais caro dos doces.
De sublinhar a generosidade das doses e a qualidade de confecção em geral. A carta de vinhos anuncia quase 80 referências, todos com indicação de data e a preços versáteis consoante as bolsas, com um ou outro bom negócio nos topos de gama. A parte dos fortificados inclui vários tipos de Porto e também vinho Madeira, o que é de enaltecer pela raridade que é encontrar este néctar insular em cartas de restaurante. Uma jovem atenta e atenciosa executou o serviço com agrado. Os copos de vinho são de bom nível, a iluminação está bem pensada, o mobiliário é confortável - fica um pouco aquém o uso de guardanapos de papel quando a bitola do resto aponta para um nível mais elevado.
Isto tudo num espaço muito agradável, com um bar apelativo logo à entrada, e num ambiente familiar decorado com elegância. Um conjunto de relógios estilizados preenche a parede que delimita a zona de fumadores da restante área de refeições, onde a distância entre mesas permite estar-se em convívio ou em negócios de forma tranquila. Juntam-se as facilidades logísticas para acolher crianças, que se estendem ao fraldário dos lavabos femininos, e temos uma morada que conjuga diversas virtudes. Não se percebe, portanto, que às vezes a sala esteja inexplicavelmente vazia, quando a cozinha é meritória e o espaço convidativo. O Linhó não é seguramente um destino de viagem, mas este Salmoura vale o desvio para pôr as ideias a marinar, enquanto se decide se o passeio com a pequenada vai ser junto ao mar de Cascais ou a explorar a serra de Sintra.
- Nome
- Salmoura
- Local
- Sintra, São Pedro de Penaferrim, Rua António dos Reis, 171
- Telefone
- 218232170
- Horarios
- Terça a Sábado das 12:00 às 15:00
Domingo das 12:00 às 15:00 e das 19:30 às 22:30
Sábado das 12:30 às 15:30 e das 19:30 às 22:30
Domingo das 12:30 às 15:30
- Website
- http://www.salmoura.com
- Preço
- 20€
- Cozinha
- Portuguesa Contemporânea
- Espaço para fumadores
- Sim