Fugas - restaurantes e bares

  • Fernando Veludo/nFactos
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«Shake it, shake it» entre paredes douradas

Por Andreia Marques Pereira ,

Olhamo-la e vemos uma colmeia excêntrica, onde as abelhas são garrafas, iluminadas como obras de arte. É a parede que dá o nome ao The Wall, mas este bar é mais do que uma parede a querer ser ícone. É um espaço onde o cliente é a prioridade - nem que por vezes tenha de agitar o "shaker".

Desfaçam-se já quaisquer questões que possam surgir com o nome: este The Wall que abriu no início de Novembro não está de forma alguma relacionado com os Pink Floyd. Mas pelos vistos há muito quem o pense - e, há que reconhecê-lo, o nome propicia equívocos com a obra seminal da banda britânica. É o que nos conta Rui Santos, um dos sócios, habituado que está a desfazer mal-entendidos. Este The Wall é bem mais literal e, portanto, bem mais prosaico: é mesmo uma parede, que se quis icónica deste espaço instalado na Rua de Cândido dos Reis (Porto).

Quando Rui Santos e Pedro Bravo se lançaram no desafio de tornar o antigo armazém de tecidos num bar só houve uma coisa que sobreviveu à encarnação anterior: o piso, tábuas de madeira gastas pelo tempo e polidas pela renovação. O resto foi invenção - porém, havia algo que Rui sabia que o seu bar tinha de ter. A parede, claro. Não uma parede qualquer, a emulação de outra que viu num hotel em São Paulo e não mais esqueceu. "Era enorme, tinha oito ou nove metros de altura e estava revestida a garrafas."

Esta tem cinco metros e organiza-se em formas convexas que lhe dão aspecto de uma colmeia excêntrica, cheia de garrafas: são cubos que se organizam em filas voltadas para lados opostos com cada superfície a servir de expositor para uma garrafa, iluminada - e por estes dias acompanhada por bolas douradas: o Natal chegou aqui no início de Dezembro. Está por detrás do balcão e atrai inevitavelmente os olhares, ainda que a parede que a confronta, do outro lado do espaço estreito e comprido, também seja original, um planisfério construído com o nome dos países à laia de mural da Lego; e completamos a ronda das paredes para destacar os dois janelões do fundo, com vidro espelhado por detrás de grade negra que desenha arabescos e desvenda vultos, um feminino e um masculino.

É apropriado, o nome, porque realmente é a parede, são as paredes, que se destacam quando aqui entramos no final do dia mais chuvoso deste Outono/Inverno (na noite anterior, a esplanada teve de ser recolhida à pressa porque o vento ameaçava tudo levar), ao som de música claramente 80"s e com ritmo q.b.

Daqui a pouco, Depeche Mode em modo cruzeiro - "durante a tarde é normal deixarmos rodar álbuns inteiros, dependendo dos clientes"; à noite isso não sucede, e à sexta e ao sábado entram em acção os DJ residentes. Contudo, não muda o estilo, herdado "da rua", assinala: música dos anos 1980 e 1990, que pode ir aos 1970 e ter "uma pitada" de música actual.

Todo o espaço tem uma aura dourada, mas é ilusão - em grande parte, pelo menos. Porque vemos brilhos dourados na parede-planisfério, que afinal é de cor "tiramisu" (o mesmo que dizer, um café com leite), na cabina almofadada do DJ (na continuação do balcão), que é castanha, no respaldo das cadeiras (modelo Luís XVI revisitado, sublinha Rui, com rebordo apenas) e nos pés das mesas, que são prateados.

O jogo de luzes difusas, orquestrado pela "parede" e complementado com o grande candeeiro estilizado de cristais, abraça o espaço, que se distribui em mesas e recantos de sofás de pele escura, orientado pela espinha dorsal que é o comprido balcão que ostenta uma fotografia nocturna da Ribeira.

Sobre este, exibem-se garrafas de Möet et Chandon aninhadas em "balde"; um cálice e taças de champanhe tamanho XL com laranjas e maçãs verdes, com copos alinhados; jarros de sangria. É a sangria de espumante a mais desejada nas noites de fim-de-semana, revela Rui Santos. "Muitas pessoas vêm especificamente por ela", que se faz (também) de pepino e canela. "Acham estranha", diz Rui, "eu também achava". Porém, aqui, quem acha alguma combinação estranha está à vontade para trocar, assegura Rui.

Faz tudo parte da filosofia que ele trouxe dos muitos anos que levou a trabalhar em grande distribuição até que decidiu aventurar-se no seu negócio ("sempre pensei na restauração, surgiu oportunidade nesta rua e optámos por bar"): a atenção ao cliente. "Fazemos os clientes provar as bebidas, para que eles se sintam bem. Podemos sempre juntar mais ingredientes ou trocá-los", explica. O que importa é que "o cliente não saia a pensar que pagou mas não ficou satisfeito".

Por isso, por exemplo, se alguém pede um gin Hendricks este é servido com pepino, "porque é a fruta que ressalta a sua essência"; porém, se o cliente provar e não gostar, "faz-se um novo com o limão tradicional". Dentro da mesma doutrina, esperem-se doses generosas das bebidas, servidas com cuidado e de forma personalizada. Tão personalizada que os clientes não se devem surpreender se um dia destes se virem com o shaker na mão a ajudar à preparação dos cocktails. "Os clientes gostam dessa atitude de interacção", afirma Rui. Shake it, shake it.

Nome
The Wall
Local
Porto, Vitória, R. de Cândido dos Reis, 90
Telefone
222086557
Horarios
Terça a Quinta das 15:00 às 02:00
Sexta e Sábado das 15:00 às 04:00
Website
http://www.facebook.com/TheWallBar.Baixa
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