Desfaçam-se já quaisquer questões que possam surgir com o nome: este The Wall que abriu no início de Novembro não está de forma alguma relacionado com os Pink Floyd. Mas pelos vistos há muito quem o pense - e, há que reconhecê-lo, o nome propicia equívocos com a obra seminal da banda britânica. É o que nos conta Rui Santos, um dos sócios, habituado que está a desfazer mal-entendidos. Este The Wall é bem mais literal e, portanto, bem mais prosaico: é mesmo uma parede, que se quis icónica deste espaço instalado na Rua de Cândido dos Reis (Porto).
Quando Rui Santos e Pedro Bravo se lançaram no desafio de tornar o antigo armazém de tecidos num bar só houve uma coisa que sobreviveu à encarnação anterior: o piso, tábuas de madeira gastas pelo tempo e polidas pela renovação. O resto foi invenção - porém, havia algo que Rui sabia que o seu bar tinha de ter. A parede, claro. Não uma parede qualquer, a emulação de outra que viu num hotel em São Paulo e não mais esqueceu. "Era enorme, tinha oito ou nove metros de altura e estava revestida a garrafas."
Esta tem cinco metros e organiza-se em formas convexas que lhe dão aspecto de uma colmeia excêntrica, cheia de garrafas: são cubos que se organizam em filas voltadas para lados opostos com cada superfície a servir de expositor para uma garrafa, iluminada - e por estes dias acompanhada por bolas douradas: o Natal chegou aqui no início de Dezembro. Está por detrás do balcão e atrai inevitavelmente os olhares, ainda que a parede que a confronta, do outro lado do espaço estreito e comprido, também seja original, um planisfério construído com o nome dos países à laia de mural da Lego; e completamos a ronda das paredes para destacar os dois janelões do fundo, com vidro espelhado por detrás de grade negra que desenha arabescos e desvenda vultos, um feminino e um masculino.
É apropriado, o nome, porque realmente é a parede, são as paredes, que se destacam quando aqui entramos no final do dia mais chuvoso deste Outono/Inverno (na noite anterior, a esplanada teve de ser recolhida à pressa porque o vento ameaçava tudo levar), ao som de música claramente 80"s e com ritmo q.b.
Daqui a pouco, Depeche Mode em modo cruzeiro - "durante a tarde é normal deixarmos rodar álbuns inteiros, dependendo dos clientes"; à noite isso não sucede, e à sexta e ao sábado entram em acção os DJ residentes. Contudo, não muda o estilo, herdado "da rua", assinala: música dos anos 1980 e 1990, que pode ir aos 1970 e ter "uma pitada" de música actual.
Todo o espaço tem uma aura dourada, mas é ilusão - em grande parte, pelo menos. Porque vemos brilhos dourados na parede-planisfério, que afinal é de cor "tiramisu" (o mesmo que dizer, um café com leite), na cabina almofadada do DJ (na continuação do balcão), que é castanha, no respaldo das cadeiras (modelo Luís XVI revisitado, sublinha Rui, com rebordo apenas) e nos pés das mesas, que são prateados.
O jogo de luzes difusas, orquestrado pela "parede" e complementado com o grande candeeiro estilizado de cristais, abraça o espaço, que se distribui em mesas e recantos de sofás de pele escura, orientado pela espinha dorsal que é o comprido balcão que ostenta uma fotografia nocturna da Ribeira.
- Nome
- The Wall
- Local
- Porto, Vitória, R. de Cândido dos Reis, 90
- Telefone
- 222086557
- Horarios
- Terça a Quinta das 15:00 às 02:00
Sexta e Sábado das 15:00 às 04:00
- Website
- http://www.facebook.com/TheWallBar.Baixa