Simples e despretensioso
Nos peixes, além do bacalhau com broa, a carta propõe ainda um lombo de bacalhau à Eira, que é assado na brasa e lascado para compor o empratamento. Há também bacalhau com cebolada, polvo à lagareiro, filetes (de polvo, com migas tradicionais, e de pescada, com arroz de tomate), e ainda uns rolinhos de linguado recheados com pesto e presunto. Na parte dedicada às carnes, a oferta alarga-se por solomilho ao molho de pimenta, grelhada mista, arroz de pato à moda antiga, costeletas grelhadas com molho de menta, lombinhos de vitela com champignons, posta à Eira e costeleta de vitela grelhada. Há também uma secção exclusiva: "Os nossos bifes de novilho, vazio e lombo", com cinco propostas e diferentes molhos como queijo Roquefort, cerveja, três pimentas ou natas e cogumelos.
É entre as "especialidades" que estão as paellas, acompanhadas pelo camarão tigre grelhado à Eira e o naco de vitela maronesa na grelha (9,50), que provámos e vivamente recomendamos. Carne suculenta, rosadinha e sedutora que apetece desfiar e comer à mão, de tão macia e apetitosa. A carne, ao que nos foi dito, é de origem certificada, embalada em vácuo, e fornecida pela respectiva associação de criadores. É claro que é de qualidade primorosa mas é igualmente decisivo que seja adequadamente tratada, como foi o caso.
Por estes dias vai passar a haver mesmo uma lista exclusivamente com cozinhados de maronesa, onde se incluem peças de bochecha e cachaço e um estufado com açorda de grão e hortelã. A coisa promete.
A lista foi elaborada pelo chef Marco Gomes, do Foz Velha, no Porto, e, além do cuidado na apresentação e confecção dos pratos, é igualmente notório o seu apelo aos produtos transmontanos. Ainda bem, notando-se embora uma predominância das carnes e a falta de cozinhados de tacho.
Montado num daqueles inestéticos edifícios onde se aproveitou uma velha eira de granito e a construção rural anexa no mesmo material, o restaurante desenvolve-se por três salinhas contíguas e acopladas, numa espécie de matriosca. No centro estão as antigas paredes graníticas e uma acolhedora sala para 20/30 pessoas. Envolve-a o acrescento onde está o balcão e que funciona como sala principal, com amplos janelões em vidro e alumínio voltados para a imitação de um espigueiro (à galega) e o vale verdejante. Por fora há ainda uma espécie de esplanada envidraçada para funcionar em dias mais quentes.
Apesar do cuidado culinário, na apresentação dos pratos e na selecção dos produtos, A Eira é um restaurante simples e despretensioso. Destaque também para a correcção do serviço e os armários de temperatura para os vinhos, que deveriam servir como bom exemplo para muitas casas com bem maiores pretensões.
A lista de vinhos é igualmente simples e sem pretensões - apesar de incluir um Barca Velha -, com opções de boa relação preço/qualidade, cobrindo essencialmente Douro, Dão e Alentejo. Nos verdes, que são os da região, há apenas um alvarinho e praticamente todos os outros são vinhos de Amarante. Deliciámo-nos com o Quinta da Levada 2012, um verde branco tão raro quanto estimulante. Aromas exuberantes de fruta tropical, frescura, alguma complexidade que lhe confere aptidão gastronómica e um surpreendente e sedutor final com rasto salino.
- Nome
- Restaurante A Eira
- Local
- Amarante, Telões, Rua da Vinha, Lote 19
- Telefone
- 255095490
- Horarios
- Sexta e Sábado das 10:00 às 02:00
Domingo, Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira e Quinta-feira das 10:00 às 00:00
- Website
- http://www.restauranteaeira.com
- Cozinha
- Portuguesa Contemporânea