Fugas - restaurantes e bares

  • Fernando Veludo/NFactos
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Orgulhosamente tasca

Por esta cultura de incentivo à comunicação, os espaços são pequenos. "É uma opção, estamos mais próximos dos clientes, há mais intimidade, melhor atendimento", nota Graça, "e dá sempre para dois dedos de conversa". E por essa opção de espaços pequenos surgiu a necessidade de abrir outra casa. "Na outra, a partir de quinta-feira está sempre tudo ocupado, com reservas." "Apareceu este espaço para arrendar, num prédio apetecível..." - "É um Marques da Silva!", exclama Graça Almeida, referindo-se ao arquitecto que na viragem do século XIX para o século XX ajudou a moldar a face da cidade.

Até há não muito tempo, funcionou neste rés-do-chão uma mercearia que escondia a arquitectura original. Durante as obras revelaram-se, por exemplo, um espelho Arte Nova, que se exibe agora encaixado na madeira (original) da parede como se fosse uma peça única, e os mármores das casas de banho, que ostentam as marcas do tempo. Para a decoração do espaço, fez-se um estudo das tascas dos anos 1950 - amarelo, azul, vermelho - e fez-se uma aplicação subtil em peças que oscilam entre o rústico e o contemporâneo: o balcão é em lambril de cor amarela como as mercearias antigas, a estante (recuperada no local) foi pintada de azul e acrescentou-se-lhe uma rede (também a lembrar o antigamente), as mesas são brancas e os bancos de madeira - para ajudar à convivialidade, há uma mesa comum, alta, onde desconhecidos deixam de o ser. Os objectos piscam o olho à portugalidade, seja nos galos de Barcelos ou no Santo António (estilizado, branco) e à tradição - há alhos pendurados, garrafões, leiteiras "antigas", nas mesas há flores, os individuais têm pássaros coloridos.

Apesar da tentação em que vários incorrem, a Casa de Santo António Baixa (e a outra) não quer ser rotulada de restaurante, porque é nas tascas, à moda antiga, que se inspira: eram "local de socialização, não apenas de bebedeiras", sublinha Graça. E de criar laços: a outra casa foi palco de um pedido de casamento entre dois clientes que aí se conheceram e aí se namoraram. E para lembrar a importância dos laços, há uma porta azul num dos cantos da sala: por cima o azulejo tem o número 80 - a porta não dá para nenhum sítio, a não ser para o da afectividade: é o número da casa-mãe.

Nome
Casa Santo António Baixa
Local
Porto, Sé, Rua da Fábrica, 93
Telefone
938704632
Horarios
Terça a Sábado das 16:00 às 02:00
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