Fugas - restaurantes e bares

  • Nuno Alexandre Mendes
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Na Sandeira todas as sandes sabem a Porto

Por Pedro Rios ,

Numa Baixa mais calma e discreta do Porto, mais concretamente na Rua dos Caldeireiros, nasceu A Sandeira, um novo espaço do roteiro nocturno portuense, mas que também funciona durante o dia. Todas as sandes e saladas têm nomes inspirados na Invicta.

"Isto tem muito mais a ver comigo", conta Filipa Montalvão, de 31 anos, a "sandeira" d"A Sandeira (o nome é um neologismo, mas está bom de ver que aqui quem manda são elas, as sandes). "Não me conseguia imaginar com uma porta aberta à noite na [Rua da] Galeria de Paris, conseguindo manter o conceito que quero que seja o conceito desta casa."

Nem é um restaurante (não há mesas já postas com talheres e aprumados guardanapos de pano), nem um bar a 100%, mas um bocadinho das duas coisas. "Podes chegar às onze [da noite] e apetece-te um cocktail, mas também uma salada. Podes chegar a meio da tarde e beber uma cerveja e comer uma sanduiche."

Filipa pensou que faltava no Porto um sítio destes. "Acontece comigo. Vou sair com os meus amigos. Uns querem ir a um bar beber um copo de vinho, mas estou com forme e quero comer alguma coisa: ou os levo a um restaurante e depois vamos beber um copo ou separamo-nos. Aqui, eles estão a beber o seu copo de vinho e eu estou a comer."

"Podes jantar, podes ficar, é agradável. Como podes fazer tudo aqui dentro, não tens pressa de ir embora", acrescenta.

A arquitectura e decoração do espaço, escondido na subida em paralelos da Rua dos Caldeireiros, para quem entra na artéria pelo Largo dos Lóios, dão uma ajudinha. É uma pequena sala de cores quentes - da rua à cozinha vão poucos passos. O chão em paralelos cria a sensação de contínuo para a rua. "A ideia foi trazer a rua cá para dentro". Velhas portas de madeira (primorosamente lixadas e envernizadas) preenchem as paredes, com o desgaste do tempo a criar curiosos padrões.

As portas, que dão um ar "rústico e acolhedor", vêm de uma obra, conta Filipa. O responsável pela reciclagem é Paulo Moreira, arquitecto e proprietário do prédio. "Gosta muito de trabalhar reaproveitando", diz. Um balcão corrido, poucas mesas e algumas plantas compõem A Sandeira do Porto. A escala é humana e isso vê-se até no giz que Filipa deixa nas casas de banho, a convidar quem lá for a escrever a sua mensagem nas paredes.

Inspirada por Barcelona

É, no fundo, uma espécie de segunda casa para Filipa. Diz que não é cozinheira ("não pretendo ser"), que apenas faz sandes, saladas e sopa. Mas lá admite: "Sempre gostei de receber em minha casa, era conhecida por isso. Fazia jantares para os amigos e gostava de fazer as coisas com carinho."

Tornou-se "sandeira" no Era Uma Vez em Paris, na Rua da Galeria de Paris. Foi a primeira experiência nesta área. Durante o dia, o espaço era dela - e das suas sandes e saladas. "Foi um estágio que me ensinou muitas coisas", reflecte. A experiência na Rua da Galeria de Paris era "um quase", a Sandeira, que abriu em Abril, é a concretização total do projecto que anda na cabeça de Filipa há cinco anos, estava ela ainda metida no mundo dos empregos precários na área da comunicação e da multimédia. O "desejo antigo" de abrir um negócio "foi crescendo" a cada nova experiência de trabalho frustrante.

Começou a magicar o projecto em Barcelona, onde fez um mestrado. "Frequentava um espaço que adorava e pensava montes de vezes: "adorava ter isto na minha cidade"", conta. "O país vizinho alimenta-se imenso deste tipo de comida: sanduíches e bocadillos a toda a hora", conta.

Fez uma verdadeira visita de estudo na capital da Catalunha. Fez "um percurso das melhores sandes de Barcelona" à procura de "inspiração" e de "ingredientes" apetitosos. "Foi a melhor inspiração" possível.

A Rua dos Caldeireiros, em obras e em processo de transformação, deixa-a feliz. "Estando na baixa, está fora da zona popular, cool, que eu acho que está cada vez mais uncool. Massificou-se", observa. "É uma rua que tem história, (...) onde mora gente, que te recebe bem. Quando abri, era toda a gente a vir à porta desejar-me boa sorte e dizer "Que linda que ficou a mercearia do senhor Aires"".

"Acho que não sou a única: está tanta coisa a abrir nesta rua", prossegue. Assim é: há um hostel (o Oporto Poets), uma galeria de arte (Uma Certa Falta de Coerência), uma associação cultural (Dar à Sola) e um espaço multifunções com petiscos (Miss"Opo), tudo dentro de um perfil mais "alternativo". "Coisas mais caseiras, mais modestas, que, no fundo, é o que eu quero. Era assim o tal espaço em Barcelona."

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Música do sul
Durante a visita da Fugas nas colunas ouvia-se afrobeat, mas a selecção musical é "muito ecléctica", garante Filipa Montalvão. "Gosto muito de música do mundo. Podemos ouvir uma música cubana, brasileira (não brega, não Michel Teló), podemos ouvir um reggae, mas podemos ouvir indie", descreve. O hemisfério Sul predomina nas escolhas: "gosto deste ar mais quente, em que olhas lá para fora, ouves esta música, está a chover, mas é uma chuva tropical e estão 40 graus, uma humidade insuportável."

Vai uma Clérigos?
Douro, Vitória, S. Bento. Todas as sandes e saladas têm nomes inspirados no Porto. "É uma cidade que me comove", justifica Filipa. Nos dias mais quentes, a sandes Clérigos é rainha ("é muito fresca", graças a uma mistura de manjericão com queijos). Num dia mais fresco, a concorrente D. Luís é muito requisitada: com presunto, queijo brie e tâmaras, revela-se uma opção "mais aconchegante". As batatas fritas com casca são outro trunfo da ementa.

Nome
A Sandeira do Porto
Local
Porto, Sé, Rua dos Caldeireiros, 85
Telefone
916018770
Horarios
Segunda-feira, Terça-feira e Quarta-feira das 10:30 às 15:30
Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 10:30 às 00:00
Website
https://www.facebook.com/asandeiradoporto?
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