Quando falta a luz na ilha, ou só nas Lajes do Pico, uma esplanada bruxuleia a fazer sanduíche de mar com a montanha do Pico. Quando há luz, a mesma esplanada conversa com quem está no interior, entre estrangeiros, marinheiros e picarotos sortidos. O Whale'come to Pico é um tudo-em-um: bar, restaurante, sala de pequenos-almoços do hotel homónimo, esplanada e ponto de encontro para trocar histórias de viagens, de tradições locais ou simplesmente para aproveitar o wi-fi. Basicamente, um porto seguro com personalidade múltipla.
Numa povoação como as Lajes do Pico, antigo centro baleeiro e agora um dos pontos centrais da ilha montanha, o Whale'come to Pico sentou-se num lugar chave. Na Rua dos Baleeiros, literalmente a dois passos do Museu do Baleeiro e do Espaço Talassa - cujo nome engana e evoca um qualquer spa do continente, mas que na verdade é um centro de whale e dolphin watching dos mesmos donos que o hotel e o bar-restaurante -, frente à marina e, mais importante do que tudo, ao Pico. Vê-se a vila passar, dos miúdos que voltam da praia aos pescadores que regressam do mar, passando por um mini-cortejo de vitória do FC Porto cheio de cachecóis e buzinas.
Duas salas, duas esplanadas, uma mistura de IKEA com reciclagem e restauro conduzido pela co-proprietária e arquitecta Alexandra Teles, crianças que brincam cá fora e uma rotação constante de clientes, viajantes e donos, guias e biólogos, picarotos e continentais, fazem os encantos do Whale"come to Pico. Quando falta a luz, entram e saem as velas e continua-se à conversa ou a ler. O que interessa, e tem de se trabalhar nisso intensa e despudoradamente, é não stressar. Nada. Até o conceito é slow food, por isso qual é a pressa?
As madeiras são de pinho marítimo resinoso dos cascos dos barcos, a música muito suave e a ideia de ecossustentabilidade é omnipresente. Não há garrafas de plástico, nem embalagens desnecessárias, as toalhas são de pano e o chão de basalto local. E a comida, a bebida, a simpatia do pessoal e o wi-fi atraem mesmo quem fica noutros hotéis, sendo que as portas estão abertas para o bookcrossing, os jogos de tabuleiro ou livros numa minibiblioteca sobre a vida marinha.
O casal Serge Viallelle e Alexandra Teles queriam primeiro uma sala de pequenos-almoços para o hotel. Em 2006, a coisa evoluiu e foi-se sofisticando, como conta o proprietário à conversa nocturna. "Agora sou restauranteur", sorri, descontraidamente surpreendido e satisfeito com a sua sorte.
Aberto desde manhã cedo e a fechar só às 00h, começa com os pequenos-almoços do hotel e de quem mais os apanhar (o buffet, que inclui bananas locais, massa sovada feita no forno caseiro da cozinheira Hermínia e manteiga dos Açores sem plástico - ou seja, em manteigueiras de cerâmica com caudas de baleia como pegas - custa seis euros). Depois intervala para almoço, com três pratos do dia (um de carne, um de peixe e um vegetariano) cozinhados por uma natural da Piedade que sorri por entre o passa-pratos, sempre com a tarte tatin, a de limão merengada e os bolos de chocolate e nozes e de banana em cima do balcão, como uma espécie de relicário da tentação.
O jantar nos longos dias do Pico é com o sol a pôr-se do lado esquerdo da montanha (como as baleias, não é garantido que se veja sempre, porque as nuvens são uma constante), já com os copos nas mesas - a cerveja local, a Especial, cocktails vários, vinhos tinto e verde do Pico, e os habituais de um bar internacional. As caipirinhas são uma novidade recente e têm a marca da Fugas, mas essa é outra história. E que nada tem a ver com um par de horas sem luz numa noite de Primavera. A dança começou bem antes.
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Brunch a 7,50€; morcela com compota e inhame a 9€; chá dos Açores a 1€; pratos do dia carne e peixe a 9€, vegetariano a 7€. Vinhos locais entre 10€ e 13€ (garrafa) e 2,40€ a copo; aperitivos do Pico Verdelho e angélica a 2€; whisky soda/tonic/cola, cuba libre a 3€, caipirinha a 3,30€, singapore sling a 4€. Café a 0,80€.
Brunch a 7,50€; morcela com compota e inhame a 9€; chá dos Açores a 1€; pratos do dia carne e peixe a 9€, vegetariano a 7€. Vinhos locais entre 10€ e 13€ (garrafa) e 2,40€ a copo; aperitivos do Pico Verdelho e angélica a 2€; whisky soda/tonic/cola, cuba libre a 3€, caipirinha a 3,30€, singapore sling a 4€. Café a 0,80€.
- Nome
- Whale'come to Pico
- Local
- Lajes do Pico, Lajes do Pico, Rua dos Baleeiros
- Telefone
- 292672010
- Horarios
- Todos os dias
- Website
- http://hotel.espacotalassa.com
- Observações
- Estacionamento próprio. Esplanada.
