Fugas - restaurantes e bares

  • Nuno Ferreira Santos
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Alvalade está cada vez mais Popular

Por Sílvia Pereira ,

Um novo ponto de encontro em Lisboa com dedo de músicos, espírito de comunidade e a ambição de ser um palco para todas as artes. Abram alas para o Popular de Alvalade onde a música ao vivo é que mais ordena.
A abertura estava prevista para Julho, mas foi preciso esperar por 29 de Agosto. É que a "construção" do lisboeta Popular não foi feita de empreitada. "A malta do bairro contribuiu", explica Samuel Palitos, com a alegria de quem vê ressurgir o espírito de comunidade. "Um limpou a fachada, outro fez o balcão, outro apertou os parafusos... Já consideramos isto a cooperativa alvaladense."
 
A vida do Popular começa aqui (a inauguração oficial é a 17 de Outubro, com surpresas prometidas). Mas a história vem de longe, dos tempos em que o avô de Samuel se instalou em Alvalade, corria o ano de 1948. Foi assim que os dois irmãos - Samuel Palitos e Ivo, nascidos com um apelido que marcaria o ritmo da sua vida, a de bateristas - ganharam raízes neste bairro. Não foram os únicos.
 
Está bem registada na memória local a quantidade e qualidade de artistas que fizeram de Alvalade o seu poiso. Como o cineasta Fernando Lopes. Como António Variações, que ali abriu o seu Baeta. Ou como o escritor José Cardoso Pires, que enalteceu o local como "testemunho da evolução cultural portuguesa", pelos viveiros de ideias que por ali palpitavam (ainda hoje são tantos os ilustres vizinhos que, pela descrição de Samuel, ficamos com a sensação que o difícil é ir bater a uma porta para pedir um raminho de salsa e não dar de caras com uma personalidade da música, do cinema, da escrita, das artes). O Popular quer recuperar a ideia de tertúlia.
 
Samuel, hoje com 43 anos, toca desde os 17. Primeira banda: Censurados. Desde então, alinhou em mais projectos do que estas linhas permitem registar: Kick Out The Jams, Sitiados, Rádio Macau, Megafone, Ladrões do Tempo, A Naifa..., conta-nos, enquanto o irmão se vai preparando para subir ao palco, que cresceu nesse espírito de encontro criativo. "Saíamos para ver bandas, fazíamos 'jams'...", recorda. "Hoje é tudo muito impessoal..." Não no Popular.
 
Entramos. À esquerda, uma imagem antiga do bairro, com calhambeques e ainda sem igreja. À direita, portas e janelas de madeira. Em cada portada, uma letra da palavra Popular, em lettering criado por Tó Trips. O músico dos Dead Combo desenhou também o logótipo do bar, que incorpora a estátua de Santo António, ícone do bairro. Lá dentro, uma sala em U, com um palco em ângulo visível de qualquer ponto e preparado para receber música a qualquer momento. Nas paredes, um álbum de memórias, feito de fotografias de quem vive, viveu ou passou pelo bairro em determinada altura. Bandas, muitas. Alguns escritores. Cartazes de filmes também. Ao fundo da segunda perna do U, há uma árvore estilizada que prolonga o tema, numa parede de tijolos onde estão escritos nomes que vão do rock à nata intelectual. Os tijolos em branco guardam-se para lembranças futuras.
 
O espaço é acolhedor, mas não é o mais importante. Importante é que o habitem. É quem o habita. "Queremos todo o tipo de gente, quer venha de chinelo, de gravata ou com uma crista de dois metros!", brinca Samuel muito a sério. Sendo Popular, recebe todos. Condição essencial: gostar de música ao vivo. "O nosso objectivo máximo é ter bandas de originais sete dias por semana", garante. Alguém pediu um circuito lisboeta para músicos com material próprio?
 
A criatividade manda. Os irmãos Palitos querem romper com a estagnação e o "cada um para seu lado". Desejam estimular a troca de ideias, a colaboração, aqueles momentos em que, aparentemente do nada, nasce um projecto. Nos planos, além dos concertos, estão "workshops", mostras de cinema, debates, exposições, cine-concertos e "jam sessions".
 
Por mais imprevisíveis que sejam os locais de culto, arriscamos neste. Afinal, ainda a obra decorria e já era ponto de encontro. Um traz uma ideia, outro traz um amigo... Assim vai crescendo a "cooperativa". Até o santo lá está para ajudar: António, de todos o mais Popular.
Nome
Popular
Local
Lisboa, Alvalade, Rua António Patrício, 11B
Telefone
217960216
Horarios
Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 22:00 às 04:00
Website
https://pt-pt.facebook.com/PopularAlvalade
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